Ivan Santos*

Engana-se quem acredita que o Capitão Mito Bolsonaro comete erros políticos absurdos na condução da crise sanitária da Covid 19. O Capitão Mito, hoje presidente da República do Brasil, continua a ser o mesmo político que, no Congresso, tornou-se porta-voz dos interesses dos militares apenas porque viu nos quarteis um colégio eleitoral garantido para reeleger-se deputado federal de quaro em quatro anos. Passou 28 anos defendendo aumento do soldo dos militares mesmo em momento de grande dificuldade como durante a implantação do Plano Real que derrubou a inflação de 2.700% e foi preciso congelar todos os salários para equilibrar o enorme déficit público.
Eleito presidente da República, Bolsonaro chegou à chefia do governo como líder de um movimento liberal conservador. Só que o Mito nunca se preocupou com liberalismo político nem econômico. A única preocupação dele continuou a ser o seu colégio eleitoral. Bolsonaro não confia em ninguém. Nenhum ministro, mesmo Paulo Guedes, o Posto Ipiranga, que está na Economia, faz nada sem autorização do Chefe. E o chefe não permite ação nenhuma que desagrade seu colégio eleitoral. Por isto não saiu até agora a Reforma Administrativa, a Tributária nem a Política. O Mito não quer reformar nada para não perder eleitores.
Hoje o Capitão, que negou a Pandemia e boicotou a vacina da China, culpa o STF “por ter dado voz e mando aos governadores e prefeitos”. O mito aproveita para convencer o povo de que toda a crise sanitária e econômica é causada no Brasil pelos governadores que determinaram o recolhimento social para evitar a super lotação dos hospitais por causa da Covid 19. Assim prepara um esquema de divulgação nas redes sociais para transformar-se no “Pai da Vacina”. O novo ministro da Saúde vai cumprir as ordens do Chefe e dizer que as vacinas distribuídas em todo o Brasil são liberadas pelo Presidente. A vacina poderá ser usada pelo Mito como instrumento político para a reeleição dele. O esquema está montado. Só não vê quem não quer. O Capitão continua com a mesma estratégia que o manteve 28 anos na Câmara Federal, sempre protestando contra o crime organizado e contra os costumes não conservadores. Muta gente até hoje acredita em milagres de São Longuinho.

*Jornalista