Rafael Moia Filho*

Com a pandemia do novo coronavírus assolando o país desde março de 2020, muito temos discutido sobre a falta de leitos hospitalares e de UTI em nosso Estado e no país.
Em 2012, portanto há nove anos, dados obtidos pelo Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde, do Ministério da Saúde, que fazem parte de um relatório sobre os aspectos que dificultam o trabalho dos médicos no Brasil, como a falta de investimentos e infraestrutura revelaram que o Sistema Único de Saúde (SUS) desativou quase 42 mil leitos de hospitais no período de 2005 a 2012.
Segundo uma análise do Conselho Federal de Medicina (CFM), naquele ano, o país tinha mais de 354 mil leitos em todos os estados, mais o Distrito Federal. A redução, portanto, representava 11,8% do total em atividade.
Em SP, no ano de 2015 haviam 34.639 leitos hospitalares disponíveis, na ocasião o Estado possuía 11.504.120 habitantes, segundo dados da Rede Social Brasileira por Cidades Justas e Sustentáveis. Difícil compreender que no ano de 2018, o número de leitos tenha sido reduzido para 29.018 para uma população que cresceu e tinha 11.753.659 habitantes no Estado.
Para um crescimento de 253 mil habitantes tivemos uma redução de 5.621 leitos disponíveis. O que nos permite avaliar que em tempo alguma essa correlação entre vagas hospitalares e população foi respeitada pelos nossos governantes.
No nosso cotidiano os três poderes arrecadam impostos, sendo que o federal fica com a maior fatia destes recursos, devolvendo parte ao Estado que tem de redistribuir aos seus municípios. Tudo parece funcionar como um relógio suíço, mas apenas em tese. Na cobrança dos impostos tudo funciona rapidamente e com muita precisão, porém, na redistribuição e aplicação desse dinheiro para a Saúde Pública nem sempre isso acontece como deveria.
Isso explica porque vivemos o caos na pandemia quando uma parcela razoável da sociedade percebeu tardiamente que não haviam leitos hospitalares e de UTI suficientes para atender adequadamente os contaminados e mais os pacientes com outras doenças.
Em Bauru, de 2009 a 2019, centenas de pacientes morreram na fila a espera de vagas em leitos hospitalares, sem que o Estado e o governo federal tenham mexido um dedo para resolver este problema gravíssimo. Apelos foram feitos por alguns vereadores, nas tribunas da Câmara, nas rádios, porém o PSDB, partido que governa o Estado de SP há 26 anos, nunca fez nada para solucionar este problema. Pelo contrário, fechou um hospital chamado Manoel de Abreu alegando supostas reformas em 2016, e o mantém fechado até o momento em 2021.
Apesar de ter recebido inúmeros pedidos da sociedade bauruense, não instalou o Hospital das Clinicas em prédio construído há tempos e que poderia com reformas servir de amparo neste momento difícil.
Recursos existem, tempo (26 anos) nunca foi um problema, o que falta é vontade política de fazer o que o povo quer e precisa. Esse desprezo pela vontade popular acaba levando a gastos supérfluos enquanto a saúde padece… e povo morre!

*Escritor, Blogger e Graduado em Gestão Pública.