Antônio Pereira*

O maestro Barraca organizou a Banda de Música criada pelo prefeito Tubal Vilela. Chamava-se João Clemente de Oliveira e nasceu em Uberaba em 1892.

Ficou órfão aos doze anos de idade e foi morar com os padres Jesuítas, no Seminário de Uberaba. Aí, fez seus estudos fundamentais, aprendeu teoria musical, órgão, canto orfeônico e clarineta. Depois que deixou o seminário continuou estudando música com o maestro italiano Renato Frateschi. Aprendeu ponto e contraponto, fuga, orquestração e clarineta.

Aos vinte anos foi trabalhar com música nos parques, bailes, circos, festas, zonas boêmias, conheceu e trabalhou com os grandes tocadores da época, na região: Ladário Teixeira, Rigoleto di Martino, Ângelo Féo, Vital Reis, Juquinha Pontes, José da Cruz (Badega), Júlio e João Caetano. Quase todos boêmios.

Teve vida profissional intensa, organizou vários grupos de seresta, orquestras sinfônicas, bandas. Estas, nas cidades de Uberaba, Uberlândia, Prata e Tupaciguara. Conhecia e tocava vários instrumentos.

Certa ocasião, participou de um concurso de bandas, representando Tupaciguara, confrontando-se com bandas de várias cidades inclusive Uberabinha, Uberaba e Prata. A sua foi a última a apresentar-se e venceu o certame com a protofonia de “O Guarany”, de Carlos Gomes.

Em 1951, atendendo convite do prefeito Tubal Vilela, que era flautista, formou e inaugurou a banda de música municipal. Seus primeiros ensaios foram feitos às margens do córrego do Óleo. Ele queria que a inauguração da banda fosse uma surpresa para a cidade. Barraca trabalhava com músicos experientes, que ele mesmo arrebanhou, mas usava também jovens ainda pouco acostumados com apresentações públicas. Nessa banda trabalharam seus filhos Durval, Délio, Délcio, Demercil e Dimas.

Ele fazia questão de que todas as suas apresentações começassem com a saída da sede, marchando e tocando… e com molecada atrás…

Foi professor de música e chegou a fazer apresentações públicas com seus alunos como a “Festinha de Acordeons”, no Clube Monte Líbano, em 1957. Participou da famosa revista “Isto é Uberlândia”, a convite do maestro Alyrio França. Seus filhos Durval, Délio, Délcio e Demercil também participaram. Nessa mesma ocasião reapresentaram “O Guarany”, de Carlos Gomes, com o maestro Barraca demonstrando seus profundos conhecimentos de clarineta.

Um dia apareceu um concertador de instrumentos e o maestro permitiu que afinasse e arrumasse alguns deles. Quando voltou lá, o cara pegou o trombone de vara e mostrou para o maestro: “Tá vendo? Não mexe mais. Agora ficou firme!” O cara tinha soldado a vara do instrumento.

Barraca foi compositor também. Fez vários dobrados, valsas, sambas etc. As partituras dessas composições estavam em poder de seu filho, Dimas de Souza Oliveira, falecido, professor de violão.

Barraca foi casado com d. Ercília de Souza Oliveira com quem teve nove filhos: Deoclices, Delcides, Diva, Durval, Délio, Délcio, Demercil, Dimas e Dirceu. Desses, Délcio e Demercil integraram a Banda de Música Militar de São Paulo, a Orquestra Sinfônica de Santos e as Orquestras de Osmar Milani, Zaccaro, Kojak, Elcio Álvares. Tocaram sob a regência de grandes maestros como Bruno Rochella, Benito Juarez, Osmar Milani e Eleazar de Carvalho. Demercil chegou a ser escolhido o Músico do Ano em São Paulo.
Barraca faleceu no dia 24 de novembro de 1973.

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