José C. Martelli*
Como preparação e embasamento à crônica que pretendo publicar proximamente, sob o título acima, resolvi reeditar artigo publicado no jornal A Cidade, em 2012.
Ei-lo:
“Um homem que me fez pecar”
Instigado pelas homenagens prestadas na quarta edição do Painel Cultural Pinhalense, resolvi acrescentar este artigo à que será prestada ao Pedrinho Melancia. Eu, como a maioria das pessoas, sou um ser humano falível e, como tal, sujeito a erros, pecados e omissões. Entretanto sempre tive a veleidade de pensar que, dentre todos os pecados, o da inveja, eu não possuía. Porém, um homem, tornou-me invejoso e me fez pecar. De fato, com a morte de Pedro Braz Del Giudice, o Pedrinho Melancia, que há pouco nos deixou, percebi como gostaria de possuir os atributos que ornavam a vida dessa criatura. Mas, infelizmente, não os possuo. Fico apenas com a inveja. Humildade, não aquela preconcebida destinada a provocar admiração e, sim, uma humildade latente, espontânea e permanente. Simplicidade, não aquela destinada a chamar a atenção e, sim, um simplicidade verdadeira em todos os sentidos. Disponibilidade, não aquela dirigida a pessoas específicas e sempre à espera de um retorno e sim, uma disponibilidade total em servir sempre a quem precise. Durante mais de trinta anos conheci Pedrinho Melancia e nunca o vi de mau humor, de mal com a vida ou guardando qualquer rancor, como também sempre o vi agradecido a quem lhe prestasse algum favor, por mais insignificante que fosse. Esses eram os principais atributos que, dentre outros, levou para o túmulo. Mas apenas os aquinhoados por Deus têm o privilégio de tê-los. Pois é. Foi esse homem que me fez pecar. Eu fico apenas com a inveja e a vontade de querer ser, sem sê-lo, um Pedrinho Melancia.”
*Advogado e professor – Espírito Santo do Pinhal – SP