Gustavo Hoffay*

Aprendi a ser disciplinado com o tempo, no convívio com as pessoas e diante da necessidade de instruir-me e adaptar-me à ordem a partir de princípios morais ditados, primeiramente, pelos meus pais, depois pelos meus professores e, enfim, pelo desejo de servir como a um alicerce de moralidade, enquanto imutável e irredutível em termos racionais. Também em termos disciplinares já caí, aprendi e levantei-me. Não nego que, vez ou outra e diante de determinadas circunstâncias, ainda tenho comportamentos que contrariam aquele meu aprendizado e o meu desejo de permanecer sempre reto, íntegro em minhas ações mas, claro, infinitamente distante de achar-me essencialmente perfeito e o que, certamente, seria-me algo impossível. E acredito que o contrário da disciplina tem início na falta ou nos defeitos de caráter, na irresponsabilidade das pessoas e quanto mais considerando-se que a sua inaplicabilidade pode, muitas vezes, causar desgraças diversas e até a morte de gente inocente. Todos os dias, de uma ou outra maneira, somos testemunhas de atos indisciplinados e, diante deles, até nos calamos resignados para não sofrer alguma grave ameaça ou retaliação. Quantas vezes, principalmente durante a nossa infância, mas também em algumas ocasiões da nossa vida adulta, cometemos alguma ação incomum e terminamos por ferir a preservação da ordem, ao contrário de vigiarmos os nossos impulsos? Às vezes somos mesmo negligentes em nosso comportamento em família e em sociedade e o que, certamente, é resultado de uma infidelidade à ordem e ao respeito individual ou coletivo… Ora, a prática da disciplina é algo muito belo e o belo é um bem ( kalós kai agat hós, expressão usual da linguagem grega e como ensinou-me o ex-professor de Latim, História Antiga e Literatura Clássica da UFU, Santo Puglisi). E uma fidelidade heróica em relação aos ditames dos governos federal, estadual e municipal é o que espera-se de todos os cidadãos nesse momento que antecede a uma muito possível Segunda Onda da pandemia do Corona Vírus também em nosso país; um calvário de tortura sentimental e física, considerando-se também as múltiplas exigências para um necessário cumprimento de protocolos para a manutenção da ordem e da disciplina. Porém o amor e a lealdade em relação ao próximo, muito infelizmente, não têm sido valores cultivados e praticados durante essa pandemia por grupos de jovens que preferem e até insistem em obter prazeres imediatos em detrimento de uma vida disciplinada e respeitosa. Assistimos regularmente o quanto está em evidência a aglomeração de muitos deles em festas e baladas e o que contribui, decisivamente, para provocar a infelicidade, a agonia e até a morte de alguns deles e de terceiros, ao contrário de nesse momento crítico para a toda a sociedade deixarem-se, sim, tocar por um sincero sentimento de solidariedade e de amor à vida. As terríveis e muitas vezes trágicas conseqüências de irresponsabilidades originadas a partir da aglomeração de pessoas é, sim, uma infração gravíssima, um desrespeito, uma brutalidade, um atentado à saúde pública e os seus agentes devem, certamente, responder no plano jurídico por aquele seu desatino. A liberdade com responsabilidade não implica em desordem do comportamento de milhares de jovens que imaginam-se invulneráveis e que afrontam, também ao som estridente de baladas, o que vem causando um flagelo em toda a sociedade. Sou inclinado a acreditar que considerável parte daquela representação da juventude e de comportamento absolutamente inadequado diante da pandemia é, também, aquela banda aparentemente deteriorada de mentes que, facilmente, deixa-se influenciar por outros de sua idade e termina por expor-se e a muitos a uma terrível ameaça à vida. Ora, que diversão é essa que origina sofrimento e desafia a vida? O que significa a vida desses jovens infratores para os seus respectivos pais, se os têm? Verdade é que cada um de nós tem a severa obrigação de vigiar-se e monitorar aqueles que teimam em negligenciar o perigo causado por um vírus assassino. Saber onde, como, porque e quando devemos estar afastados do contágio por aquele vírus é prevenir-se contra futuras insídias daquele mal sorrateiro e global. Também já vivi a mocidade mas, não obstante o meu temperamento ardente e irrequieto, sempre procurei limitar meus arroubos e quanto mais considerando que a perturbação originária dos meus impulsos juvenis deveria ser evitada. Jovens, um dos maiores sinais de glória em pessoas da sua mesma faixa etária é o amor a si mesmo e o respeito para com a sociedade onde está inserido. Amem e amem-se!

Presidente do Conselho Deliberativo da Fundação Frei Antonino Puglisi – Uberlândia-MG