Hospital Alberto Cavalcanti realizou 332 cirurgias e 2,5 mil atendimentos ambulatoriais de câncer em 2020

Imprensa/MG

Em sexta edição, a campanha Julho Verde lembra a importância dos bons hábitos na prevenção do câncer de cabeça e pescoço, que tem como maiores causadores o tabagismo e o alcoolismo. Apesar da alta chance de cura quando descoberto no início, cerca de 10 mil pessoas morrem todo ano em decorrência da doença, somente no Brasil.
De acordo com o coordenador da equipe de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Hospital Alberto Cavalcanti (HAC), Guilherme Souza, os cânceres deste tipo referem-se aos tumores malignos das vias aerodigestivas superiores (boca, faringe, laringe e esôfago cervical), tumores malignos da tireóide e glândulas salivares, metástases cervicais e tumores cutâneos da região (no couro cabeludo, face ou pescoço).
Segundo ele, além dos maus hábitos relacionados ao cigarro e à bebida alcoólica, o histórico familial leva a um risco ainda maior no desenvolvimento do câncer de cabeça e pescoço. O médico frisa que alguns deles, como os localizados na orofaringe (amígdalas e porção posterior da língua), podem ser causados pelo HPV, que é o mesmo vírus do câncer de colo do útero.
Sinais de alerta
Feridas na boca e garganta que não cicatrizam, dor e dificuldade para engolir, alteração na voz, falta de ar e massas no pescoço, por mais de duas semanas, e ainda perda inexplicada de peso podem indicar que algo não vai bem e demanda avaliação médica.
Exemplo vem de Raimundo André Sobrinho, 65 anos. No segundo semestre do ano passado, ele começou a sentir uma rouquidão na voz que não passava. Apesar de a esposa insistir pela consulta médica, ele não via necessidade.“Um dia observei ele dormindo e vi que apresentava dificuldade para respirar. Então, na mesma hora, resolvi marcar uma consulta”, conta a esposa, Helena.
Após exames e uma biópsia, Raimundo foi diagnosticado com câncer na laringe e encaminhado ao Hospital Alberto Cavalcanti (HAC), referência estadual em oncologia. Lá, logo em seguida à primeira consulta, foi levado ao bloco cirúrgico. “O doutor Diogo, que atendeu meu marido, disse que era necessária a cirurgia imediata, pois o câncer estava muito avançado e ele poderia não conseguir mais respirar a qualquer momento. Levamos um susto muito grande. Mas hoje vemos o quanto ele teve sorte. Se não tivesse descoberto o câncer a tempo, podia ter morrido sem ar, sozinho, em casa, enquanto eu estava no trabalho”, afirma Helena.
Após algumas cirurgias e com o câncer todo retirado, Raimundo passou por 30 sessões de radioterapia e, hoje, segue vida praticamente normal. “Graças a Deus, ele está bem e curado. Sua única sequela foi a perda da voz, devido à retirada das cordas vocais. Hoje, ele consegue se comunicar falando pela laringe eletrônica, se alimenta bem e não usa nenhum medicamento, apenas comparece à consulta a cada seis meses, para controle”, explica a esposa. E elogia: “Tivemos um atendimento excelente no Alberto Cavalcanti. Os médicos são muito bons. As enfermeiras, psicóloga e fonoaudióloga que atenderam meu marido foram muito atenciosas”.
Raimundo aproveita para deixar uma mensagem para quem está passando pela mesma situação que ele viveu. “Quem está fazendo tratamento de câncer tem que levantar a cabeça, ter fé em Deus, falar para si mesmo que não está sentindo nada e seguir em frente”. E afirma: “Graças a Deus, hoje eu estou bem, alegre e curado”.
Tratamento
Assim como ocorreu com Raimundo, na maioria das vezes é necessária uma biópsia para o diagnóstico definitivo de um câncer. Se diagnosticado, o tratamento vai variar de acordo com a localização e o tamanho do tumor. O tratamento mais comum é a cirurgia, seguida de radioterapia, além da quimioterapia para os casos mais avançados.
“O mais importante é o diagnóstico precoce, pois quanto mais cedo é descoberto o câncer, maiores são as chances de cura. Lembrando que, no caso do câncer de cabeça e pescoço, a chance de cura é alta, quando diagnosticado e tratado em tempo hábil”, afirma Guilherme.
Segundo o médico, em alguns casos, apesar de curados, os pacientes podem ficar com algumas sequelas, que vão variar de acordo com a extensão e o tipo do tratamento. “Por abranger uma área socialmente exposta (cabeça e pescoço), podem ocorrer alterações estéticas, além das consequências funcionais, como dificuldade para alimentação, uso de sondas e traqueostomias, perda da voz”, explica o médico. “Lembrando que quanto mais tardio o diagnóstico, mais sequelas o paciente terá”, alerta.
Fonaudiologia
Também os fonoaudiólogos cumprem importante papel para o tratamento de pacientes. “Atuamos, principalmente, na reabilitação dos pacientes, de forma que eles se recuperem das sequelas na deglutição e na comunicação. O tratamento vai depender do local da lesão e do tipo de tratamento indicado pelo médico, cirurgia, radioterapia, quimioterapia ou tratamentos combinados”, afirma a fonoaudióloga Jussara Dolabella.
De acordo com ela, os exercícios são selecionados após a avaliação, de forma personalizada, de acordo com o tratamento realizado e a demanda de cada paciente, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida e para a reinserção social deles. “Realizamos exercícios na musculatura da cabeça e do pescoço que estejam envolvidas nas funções de articulação, fala, mastigação, deglutição, voz e respiração. Além disso, apresentamos e treinamos as possibilidades de recuperação da comunicação nos casos de laringectomia total (laringe eletrônica, voz esofágica e prótese traqueoesofágica)”, explica.
No HAC, além dos cirurgiões de cabeça e pescoço e das fonoaudiólogas, o tratamento é realizado por uma equipe multidisciplinar composta por oncologistas, radio-oncologistas, fisioterapeutas, psicólogos, psiquiatras, enfermeiros e assistentes sociais.