Gustavo Hoffay*

Na tentativa de fazer sobreviver a sua já desgastada imagem de defensor dos fracos e oprimidos e, assim,lutar “pari e passu” em sua ânsia de emplacar mais quatro anos na chefia do poder executivo nacional, o atual presidente da república vem procurando, por incrível que possa parecer, desembaraçar-se de Deus e considerando-se o quanto vem contrariando algumas das seculares bases do cristianismo, entre elas o de ser uma pessoa equilibrada, saber gerenciar as suas emoções, ser empático e inspirador…! Por outro lado, mas não para compensar as falhas perante Aquele a quem diz seguir e sim para continuar em sua sanha messiânica, ele vem exultando a maioria dos eleitores por meio de benesses de caráter social e com prazo de validade já decretado: por uma dessas incríveis coincidências, até um mês após as eleições que deverão definir a sua continuidade ou não no trono do Palácio do Planalto. Qualquer observador imparcial – no Brasil ou até nos cafundós da Cochinchina, passando por Santa Rita do Cata Coquinho e chegando até Lavacolhos do Fundão e Gafanha da Encarnação, em Portugal – já pressupõe o perigo que pode originar-se desde tenebrosas trevas Brasilienses, caso o resultado das urnas seja o oposto daquilo que o segundo colocado nas pesquisas eleitorais tanta e desesperadamente almeja, enquanto procura convencer por meio de suas nefastas e tragicômicas impulsões o maior número de eleitores que ainda não se dispuseram a servi-lo. Orgulho-me de estar entre aqueles brasileiros que defendem um governo realmente disposto a lutar contra as misérias corporais da grande maioria da nossa gente mas que requer, primeiro, que o mesmo debele as suas misérias de espírito, de caráter e seja ele quem for, Lula inclusive…claro. Quando ouço dizer que o atual inquilino do Palácio da Alvorada é um mito, logo imagino-o de capa e espada e concebido na forma de uma lenda, uma fábula que só pode merecer o desdém de patriotas cultos ou no mínimo relativamente informados. Todavia o termo “mito” tem significado profundo no plano filosófico ou seja, é personagem de estórias imaginadas, folclóricas….e até demológicas! Muitos são aqueles que destroem a presente ordem das coisas em vista de dias que imaginam melhores no futuro e correspondem de tal modo ao ideal do público que, ao menos em vista de eventuais e negativos retoques em suas imagens, procuram provocar verdadeiras crises entre aqueles que se opõem a eles. Às vezes comparo o atual presidente da República a um famoso personagem de histórias em quadrinhos,cinema e televisão: Super Homem! Sim, afinal esse tornou-se extremamente popular em virtude, também, da sua dupla identidade ( ou personalidade): apareceu noo Brasil enquanto adotando “poderes prodigiosos” mas, na maioria das vezes, passando-se por mal-entendido , tímido, apagado e sonolento, mesmo na opinião de alguns daqueles que lhe eram próximos; uma camuflagem no melhor estilo mitológico. Em última análise o mito “Bolsonaro” parece satisfazer apenas a nostalgia secreta de brasileiros que sonham com um herói que se revelará excepcional, mesmo que tenha se tornado um mito por efeito de alguns meios de comunicação de massa e que o exaltam como a um herói nacional, um semi-deus, atribuindo-lhe o papel de primeiro defensor do povo contra os comedores de criancinhas. Por sorte muitos eleitores brasileiros vem mudando por completo a imagem de paladino que devotam ao atual presidente, devido ao desejo do mesmo de transcender os limites do poder que lhe é conferido pela Constituição Federal, algo parecido ao que outrora exprimia-se em mitos declarados e reconhecidos como tal. Falar dos desatinos de Bolsonaro-presidente é o mesmo que deixar-se tomar pela perplexidade e pelo abatimento; a esperança de brasileiros que neles votaram, inclusive eu, se torna lânguida ou se extingue. Abater-se e desanimar no momento atual é fácil e espontâneo, todavia está muito distante de ser a solução para o próprio eleitor e para o país; muito pelo contrário! O momento e a forma correta de reagir estão presentes na consciência de cada brasileiro no momento de expressar o seu desejo nas eleições que se aproximam; momento extremamente exigente e que a nenhum eleitor permite ser medíocre. Nós, cidadãos, conscientes do que ocorre atualmente neste país, sabemos que as deficiências e defecções do atual governo não diminuem o valor e o poder da nossa própria consciência patriótica, pois essa é intocável e obviamente também não concorda com a volta de condenados e ex-penitentes em celas federais ao poder, ao comando das Forças Armadas e se torne a pessoa mais poderosa da América Latina.

Agente Social – Uberlândia-MG