César Vanucci*
“Peço perdão à comunidade indígena” (Papa Francisco, na visita ao Canadá)
• Como dizia o sábio coronel Ranulfo, morador lá nas bandas do Triângulo, a corrupção é que nem tiririca. A gente arranca a grama, com força, pra valer, bota de cabeça pro ar, mas não adianta, basta um fiapo no torrão para que a peste volte a vicejar.
Taí o famigerado “orçamento-secreto”, bolado por astutos militantes políticos. A denominação foi dada como camuflagem para uma determinada modalidade de prevaricação. O fim da picada…
PEC eleitoral não é, ao contrário do que se dá a entender, um projeto consistente de crescimento econômico e social. Não passa, na verdade de um dispositivo eleitoreiro, que visa carrear votos na campanha sucessória presidencial. Fruto indigesto de politiquice populista.
Os autores dessas duas “invenções de moda”, dando mostras, de sua incongruência no trato da lida política, fazem de conta não perceber o espanto provocado, no seio da opinião pública, o disparate representado, por um lado, pela turbinagem alentada nos gastos pela caça desenfreada de votos, e por outro lado, pelos anúncios oficiais reinterados de contingenciamento obrigatório de verbas para manter o necessário equilíbrio orçamentário. As contradições não cessam aí. O Presidente Bolsonaro, na concorrida convenção, realizada no Maracananzinho, que apontou o seu nome como candidato à reeleição na campanha eleitoral em curso, asseverou que o “Auxilio Brasil” estipulado na PEC em R$600,00, será pago aos beneficiários também em 2023. No dia seguinte, numa entrevista coletiva concedida pela equipe econômica do Governo, porta voz do Ministério da Economia declarou, enfaticamente, que o Auxilio de R$600,00 só prevalecerá até dezembro, voltando apartir de janeiro a R$400,00. Durma-se com um barulhão desses!…
• Francisco, Papa gloriosamente reinante, continua provocando encantamento pelas atitudes que assume neste nosso complicado mundo. Em viagem agora feita ao Canadá pediu perdão aos índios do país pelos maus tratos praticados por instituições católicas em atividades missionárias. Ele próprio dimensionou a envergadura dos abusos: “genocídio cultural”. Estou entre aqueles que consideram Francisco, por suas posturas destemidas, o único líder à vista no cenário internacional.
• Exceção feita ao ilustre presidente da Câmera Federal, deputado Arthur Lira, não houve líder de projeção, nem instituição representativa do pensamento nacional, que se abstivesse, até o momento em que estão sendo digitadas estas considerações, de condenar, com veemência, o ato do presidente Jair Messias Bolsonaro promovendo o surreal encontro com embaixadores de numerosos países para criticar o sistema eleitoral brasileiro e membros do Supremo Tribunal Eleitoral. A impressionante reação envolveu, até mesmo, surpreendentemente, porta vozes de países amigos, de linha democrática, que fizeram questão de trazer a público, contrariando o ponto de vista do chefe do governo brasileiro, louvores entusiásticos ao processo de votação eletrônica adotado em nosso país.
• Em 25 de julho passado comemorou-se o “Dia Internacional da Mulher Negra”. Reverente quanto ao papel desempenhado pela mulher negra no esforço de integração social e cultural na vida brasileira, associo-me a essa justa homenagem, reproduzindo o texto do final de uma palestra que, anos atrás, em comemoração do “Dia Internacional da Mulher”, pronunciei, no Teatro SESI Minas, em promoção do Lions, para plateia estimada em 800 pessoas, com predominância feminina: “imagino, cá com os meus botões, que o Todo Poderoso está reservando uma baita surpresa, para todos nóis, no dia do Juízo Final. Quando dele nos acercarmos para prestar contas de nossos feitos pela passagem na pátria terrena, iremos saber que Deus é Mulher. Negra. “Negra como a noite, negra como as profundezas d’África”, como anotado no famoso poema de Langston.
*Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)