Ivan Santos – Jornalista

Há anos o governo do Brasil adotou uma política econômica baseada no manejo de ferramentas monetárias para controlar a inflação. Esta política acentuou-se nos governos após Fernando Henrique Cardoso.
Um dos pilares dessa política, que é seguida fielmente pelo governo esquerdista do presidente Lula, é produtora de superávit primário nas contas públicas para garantir o pagamento da dívida pública. Ao mesmo tempo o governo aplica outra política de juros altos para controlar a inflação. Juros altos fazem crescer a dívida pública.
Superávit primário de 4,5% do PIB mais juros básicos de 13,75% ao ano e câmbio flutuante com real valorizado e disponibilidade limitada de crédito mais uma carga tributária que chega a 35% do PIB, representam um cenário desfavorável a novos investimentos produtivos. Em um cenário como este as atividades econômicas ficam expostas aos caprichos conjunturais internos e externos.
O governo comemora o superávit primário e o aumento da arrecadação de tributos a cada mês. O Estado de Minas está atrelado à dívida pública nacional, mas comemora o equilíbrio das contas públicas à custa do aumento da arrecadação e do bom desempenho de alguns setores como a siderurgia, mineração e agronegócio que foram beneficiados nos últimos dois anos com o aumento da demanda externa.
Esta situação é circunstancial, não duradoura. A gula por arrecadação cresce em todos os sentidos.
Quando a arrecadação de tributos cresce fica menos dinheiro no mercado para girar a economia. De janeiro a novembro de 2004 a arrecadação federal cresceu 9,9%. O governo festejou o feito, mas escondeu que a as despesas públicas, alimentadas pelos juros, cresceram no mesmo período, 11,7%.
A equivocada política de transferência de renda a título de pagar a dívida social custou aos cofres públicos, em 2004, nada menos do que R$ 72 bilhões. Os especialistas sabem que se combate a pobreza é com desenvolvimento econômico, não com “Cestas Básicas”.
No Brasil o governo quer combater a pobreza com o “Fome Zero” e Bolsa Família. Esta ilusão pode acabar mal, muito mal.