Ivan Santos – Jornalista

Nos últimos dias conversei com alguns empresários que se declararam preocupados com os rumos da economia da Argentina.
Já fui acusado de pessimista, catastrofista, Cassandra e de outros qualificativos nada agradáveis. É que leio o noticiário internacional e faço comparações com o que ocorre no Brasil e, a seguir, tiro conclusões, naturalmente, algumas apressadas. Felizmente, nem sempre acerto. Só que desta vez não vejo o horizonte cor de rosa nem verde (nada a comparar com a última campanha que resultou na eleição de Lula. É que a situação do Brasil, nas análises de conceituadas agências internacionais de risco, não é boa. Uma das mais importantes e influentes, a Standard & Poor’s, dos Estados Unidos, nesta recém classificou o Brasil como um dos três países da América Latina que apresentam vulnerabilidade econômica. Os outros dois são a Costa Rica e o Panamá. A Argentina está em melhor classificação. Fechou 2022 com um PIB de 5,2% e 2021 com 10,3%. Isto apesar de a inflação por lá ter chegado a mais de 100% neste ano. Segundo aquela Agência, o Brasil vai precisar de US$ 120 bilhões em 2023 para fechar as contas. Entenda-se: pagar os juros aos credores por causa da Selic em 13,5. E, diga-se de passagem, a enorme dívida externa não é só do governo. A maior parte é de empresas privadas que tomaram empréstimos em dólares. Com a desvalorização do real, tem muita gente na berlinda. Sobre este assunto, um conceituado analista econômico comentou, no decorrer desta semana, que mesmo que o governo venda o que ainda resta de empresas estatais, todo o setor elétrico, o Banco do Brasil, a Petrobrás e a Caixa Econômica Federal, não vai dar para pagar os juros dos compromissos do governo. Com essas informações, que foram divulgadas nesta semana pelos principais jornais do País e pela Internet, não dá para olhar em volta com otimismo. Por isto entendemos que a hora presente não é boa para comemorar futebol, mesmo porque a Seleção Brasileira anda de mal para pior.
No mundo já ocorreram fatos espetaculares como o ataque de um grupo de mercenários armados na Rússia. Tais fatos são como combustível precioso para os veículos de comunicação de massa que, no plano interno alimentam-se de corrupção política, assaltos, tráfico de drogas ou reclamações de consumidores. Mas se tais espetáculos escassearem e for preciso mostrar à tigrada nacional a verdadeira situação do País, o que ocorrerá? Não é possível fazer uma previsão racional sobre a reação da macacada. Mesmo assim é possível compreender que a desaceleração da economia americana, poderá contagiar a América Latina e o Brasil em particular. Parece obra da globalização inspirada no “Consenso de Washington”. Então temos que botar a cuca pra pensar e tentar descobrir o que está escondido do outro lado da meia-noite.