Marília Alves Cunha – Educadora e escritora – Uberlândia – MG
Neste país que, no momento, esforça-se em resistir ao fogo sem que autoridade nenhuma, seja do governo federal ou não, tome qualquer iniciativa para debelar o fogaréu, a cada dia coisas acontecem, nenhum dia é igual ao outro. Há sempre novidades a serem encaradas. Pior, as novidades nunca são boas para o povo brasileiro que se fosse outro povo, mais combativo e menos alienado, já estaria explodindo em indignação.
A dívida Brasil bate recorde. Nunca na história deste país deveu-se tanto e houve tanta complacência com os gastos públicos, que atingem níveis extraordinários. Obras imensas? Grandes planos postos em execução? Muito labor neste país continente para que ele fique melhor e mais desenvolvido? Muitos e grandes projetos sendo postos em prática para benefício de seu povo? Nada! Não dá pra entender. Aliás, dá sim para entender… A começar do inchaço da máquina pública que nunca esteve tão gorda e ineficiente! E exploradora da “res pública”.
O Brasil nunca esteve tão mal, nacional e internacionalmente. Pela primeira vez um presidente brasileiro discursou na Assembléia Geral da ONU – (Cúpula do Futuro), fazendo a abertura (como é de praxe) e teve o microfone cortado, por ultrapassar o tempo designado. Graças! Podou-se do presidente a possibilidade de continuar falando asneiras e completar seu insosso discurso. E umas perguntas: a senhora Janja esteve no Catar e em New York para falar sobre fome e educação. Foi como representante do Brasil? Dona Janja entende bem destes assuntos? Gravou tudo? Retratou tudo como costuma fazer, como fez no RGS? Que dia poderemos nós, brasileiros, representados pela ilustre dama, ter a oportunidade de escutar esta fonte de sabedoria e cultura? Afinal, os assuntos tratados são de extrema importância para o Brasil. E os brasileiros precisam estar a par do pensamento e ideias da ilustre representante.
Temo que faça como seu ilustre marido, que ganhou dinheiro a mais não poder dando palestras pelo mundo, sem dar a qualquer brasileiro a oportunidade de conhecer estas palestras, sem cronograma e sem gravações. Perdemos nós, povo do Brasil, a oportunidade de acrescentarmos ao nosso conhecimento, a cultura e erudição do presidente Lula. Que pena! Em tempo: parece que Lula impôs sigilo às despesas de dona Janja em NY. Não é novidade, é?
Fico, como quase todo os habitantes deste país bonito por natureza, desarvorada. Desarvorada como a natureza que se perde por incompetência e imprevidência de governantes e autoridades no assunto meio ambiente, que não assumem a culpa de nada, apenas a terceirizam. Simplesmente indignada por tanto descaso e irresponsabilidade. Felizmente, na nossa pacata vidinha interiorana, nada pode nos roubar completamente algumas grandes alegrias. Como viver só de decepções e péssimos humores?
Alegria incontida senti ao ler o texto belíssimo do grande Fabricio Carpinejar, enviado por um amigo. Título: “A modéstia do mineiro”. Cada linha do texto aprimorou meu orgulho de ser mineira. Como diz Carpinejar, “mineiro humilde, tendo todos os motivos para ser arrogante,
ara sobressair, mas permanece quietinho, come quieto”.
Fala o grande escritor em grandes personalidades das nossas Gerais, como Pelé, Santos Dumont, Carlos Drummond de Andrade, Adélia Prado, Guimarães Rosa, Carolina Maria de Jesus, Chica da Silva, Tiradentes, Clara Nunes, Carlos Chagas, Betinho de Souza, Chico Xavier. Fala também de outros predicados que haveria para o mineiro ostentar mania de grandeza. Mas ele prefere deixar pra lá, deixar de lado.
Grandes e lindas cachoeiras, três dos maiores picos (Exemplo: Pico da Bandeira)e tantas maravilhas que vai relacionando e que compõem esta riqueza geográfica existente aqui, nas Gerais. Os queijos, meu Deus, considerado o “Canastra” o melhor do mundo. Sotaque mineiro também ganha destaque e merece referência, assim como a nossa comida, considerada a 30ª. melhor do mundo. E ainda, o grande acervo histórico reconhecido pela Unesco como Patrimônio Cultural da Humanidade. E o maior museu da arte contemporânea a céu aberto do mundo: Instituto Inhotim – Brumadinho.
Somos grandes, somos bonitos, temos capacidade de realizar. Não nos deixemos ser tomados de inércia e desânimo, não acreditemos na alienação e inferioridade que tentam nos imprimir. Não aceitemos que tirem o nosso poder de criar, reagir, pensar, olhar muito além, enxergar e encontrar abrigo e beleza num horizonte claro e brilhante, completamente despido das nuvens negras que temos hoje.
Carpinejar falou de Minas Gerais: “São tantos títulos, honrarias, elogios, que fico impactado com a imensidão local. Aqui deveria ser a terra de megalomaníacos incuráveis, de exibidos planetários, de narcisistas implacáveis, mas aconteceu o contrário: são pessoas que escolheram a discrição como sua fonte de autenticidade.”
Que prazer imenso, Fabricio Carpinejar, ler sua página! Também fico impactada com a imensidão local! E muito obrigada ao amigo que, gentilmente, enviou-me este tesouro. Sinto-me honrada e feliz em ser mineira da gema e ver o nosso estado prestigiado e elogiado, por merecimento!