Gustavo Hoffay – Agente Social

Em pequenas e médias cidades brasileiras, se alguns eleitores quiserem tomar conhecimento dos mais recentes fuxicos, novidades e babados políticos do bairro onde moram, basta que marquem uma breve presença em algum bar ou barbearia e onde, diariamente, dezenas de pessoas analisam e expõem os seus pontos-de-vista a respeito de assuntos diversos e dentre os quais, ultimamente, é claro, sobressaem assuntos relativos à política local. Acredito que esse mesmo assunto esteja corrente em salões de beleza e onde representantes do sexo feminino tratam, regularmente, os seus naturais atributos estéticos. Locais esses, aliás, onde políticos à caça de votos dispensam especial atenção e terminam, quase sempre, por eleger cabos eleitorais de primeira grandeza: os profissionais que ali prestam os seus serviços…diariamente. É ali que, passivamente sentados, grande número de eleitores torna-se alvo de politiqueiros e tal e qual a maioria dos eleitores de passagem por táxis e ônibus urbanos, totalmente a mercê de um rosário de fatos, indagações, observações e fofocas. Naqueles pequenos e restritos recintos pactua-se de tudo um pouco em relação à política municipal e onde, também, línguas indômitas são regularmente afiadas. Em ambos aqueles veículos de passageiros já ouvi casos cabeludos e pactua-se de tudo um pouco, desde receitas low carb a comentários maliciosos e até sugestões para o fim da onda de criminalidade que assola esta nossa metrópole, além de conspirações contra o regime político vigente e um “corre-chão” a respeito de quem ganhou, perdeu, quebrou, encarou, enriqueceu, bateu, apanhou, apalpou ou mordeu. Recentemente, durante breve visita a uma pequena cidade da região metropolitana de Belo Horizonte, estive em uma das barbearias ali existentes. Lá chegando indagaram-me quem eu era, de onde eu vinha, qual o ano de fabricação do meu carro, a razão da minha visita àquela cidade, quem eu conhecia naquelas paragens e até qual o partido do candidato em quem eu votaria. E mais uma vez, em mais uma eleição, me senti como a um alvo de laçadas políticas. Claro, afinal, essa é uma época propícia para a prática de exercícios de sedução, de caça aos votos, quando candidatos e cabos eleitorais tentam conquistar os eleitores enquanto projetam uma aura de bons entendedores da complicada seara política tupiniquim. É em lugares como aqueles onde- passivamente – o eleitor fica à mercê de cabos eleitorais que dão aos seus candidatos um caráter excepcional, atribuindo-lhes características de provedores de sonhos e operadores de utopia. Francamente…! Os apelos insistentes e demagógicos de certos cabos eleitorais podem ser comparáveis a uma violação do desejo alheio, por meio de adjetivos, subterfúgios, exclamações peremptórias e, não raras vezes, conseguem a adesão de muitos aos seus discursos. Lamentavelmente os paladinos de promessas mirabolantes enquanto numa frenética busca por votos, conseguem iludir grandes contingentes de eleitores de boa-vontade, inocentes e éticos; são pessoas que enxergam naquela oportunidade as chaves que poderão abrir as portas da fortuna e do seu bem-estar. Mas há, evidentemente, políticos e campanhas decentes, honestas, mas também capazes de se esconder na hipocrisia de crocodilos que, em lágrimas, atraem as presas para devorá-las. Esses últimos fazem da política um grande espetáculo e mediante retoques cosméticos, extraem o máximo proveito possível dos meios de comunicação social , tergiversam, omitem e ridicularizam adversários para esconder os seus próprios defeitos. Que os eleitores uberlandenses e uberlandinos saibam separar o joio do trigo e exorcizar milagreiros, falsos profetas e distinguir aqueles que deixam escorrer lágrimas de crocodilo. Precisamos, sim, de uma campanha política sem demagogia, sem baixarias e sem golpes psíquicos, firulas cosméticas, apelos de fácil comoção e uso inescrupuloso da religiosidade do povo. Quanto à insistência de alguns candidatos em usar o nome de Deus em suas campanhas, penso que o povo deseja-O em seu devido lugar, sim, lá no Céu e não de maneira a servir de mote na captura de votos.