*Cesar Vanucci

“.O meio ambiente é a herança de nossos filhos, não uma propriedade de nossos pais.”
( Provérbio africano)

As mudanças climáticas extremas chegaram mais cedo do que se supunha. Fizeram-se amarga realidade. As tormentas e inundações no Rio Grande do Sul, somadas agora às secas causticantes e à pandemia de incêndios florestais irrompidas na paisagem brasileira devem ser vistas, com temores como advento daquilo que muitos denominam o “novo normal”. Noutras palavras: vêm vindo aí mais cataclismas. Todas as instituições precisam se aparelhar para enfrentá-los.
Todas as paragens deste nosso belo planeta azul, tão maltratado pelo desmazelo de seus povoadores, registram na hora presente diversificadas ocorrências climáticas que colocam em risco as pessoas e seus pertences, ou seja, ameaçam seriamente a vida humana e nossas conquistas.
Estiagens prolongadas, ondas de calor, queimadas intensas, umidade do ar abaixo de padrões toleráveis, inundações, violentas tempestades, têm causado situações de feroz dramaticidade. Vamos buscar na África, esquecida dos homens e, às vezes, até dos próprios deuses de sua devoção religiosa, um exemplo bastante cruel do que vem ocorrendo numa área territorial atingida em cheio pela inclemência das variações climáticas. A opinião pública mundial, tomou ciência, estarrecida, de que num país localizado no sudeste do continente, já açoitado por problemas sociais, políticos e econômicos, por conta das intempéries climáticas, a fome atingiu grau inimaginável de degradação. Faltando cereais nos armazéns, produtos vegetais nas feiras e mercados, as autoridades ordenaram fosse colocado em execução um esquema de abate indiscriminado de animais selvagens, elefantes, leões, tigres, crocodilos, girafas e assim por diante para distribuição de postas de carne à população faminta. Escusado registrar a contribuição significativa do fator desigualdade social, sempre imperante na distribuição das riquezas provenientes do laboro humano, para a deplorável circunstância relatada.
As anomalias climáticas observadas na geografia brasileira apontam aspectos merecedores de atenção especial. Um deles é o fato de as queimadas eclodirem ao mesmo tempo em todos os biomas. Isso aconteceu pela primeira vez. Por outro lado, revelam-se fortes as evidencias de que, em alguns lugares, os focos de incêndio surgiram em razão de ato criminoso deliberado, o que carece ser devidamente explicado à sociedade.
O desafio está posto. O enfrentamento é tarefa de todos. As chamas e as águas revoltas não fazem distinção política, ideológica, religiosa ou social.
As mudanças, induzidas pelo desvario humano, provocam impactos devastadores na saúde, na segurança alimentar, na segurança energética e no desenvolvimento econômico. A gravidade do problema, repita-se, convoca todos nós, independentemente de quaisquer conveniências, a unir esforços, nossos talentos, nossa disposição de luta em prol de uma causa comum. Nossa casa.

Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)