Da forma de qualquer outro país, o nosso Brasil sempre teve de lidar com diversos males que, facilmente, poderiam ter sido evitados ou combatidos de maneira simples e eficaz. Mas dentre eles existe um, um só, entre outros, que destaco com veemência: o tal do paternalismo! Sim, aquilo que é usado para beneficiar com um emprego na administração pública, o parente ou o amigo do sobrinho do primo de um afilhado político ou, também, aquele afilhado de casamento ou batizado, além de candidatos da situação que perderam a eleição para vereador mas que puxaram votos para o candidato ao cargo de prefeito; pessoas, enfim, que não têm sequer a metade dos requisitos que seriam necessários para vir a ocupar determinada e honorável vaga e a qual, meritoriamente, deveria ser preenchida por quem especializou-se na função ora em vacância e desde que aprovado em concurso público; nesse momento a comprovação de anos de estudo pelo profissional, dos seus bons resultados em testes, trabalhos e provas na faculdade são absolutamente dispensáveis e chegam a ser amarrados junto aos seus invejáveis currículos a uma pedra e em seguida atirados em direção ao fundo da lagoa do Parque do Sabiá. Amigos, o Brasil vive há décadas ( ou séculos?) uma situação que – devido a um paternalismo irracional e inconseqüente – vem ocasionando e acumulando prejuízos em cadeia a quem dele provisoriamente beneficia-se e a empresas públicas ou de economia mista que acolhem afilhados de seus confrades, geralmente sem o devido preparo para virem a ocupar os tais cargos de confiança; daí dizer-se que foram empregados no serviço público graças unicamente ao seu elevado Q.I (“Questão de Indicação”) e nunca por “Questão de Inteligência”! E quanto ao paternalismo familiar? Conheci e ainda conheço pais que custeiam ou já custearam a vida dos seus “maiores abandonados”, “coitadinhos”que deleitam-se com mesadas polpudas e sequer preocupam-se em tirar os seus rebentos daquela cômoda situação. Há outros jovens naquela privilegiada situação que, trabalhando ( contrariados) e alegando insatisfação com o baixo salário, exigem dos seus pais o custeio de suas despesas pessoais. Penso, sinceramente, tratar-se de pais frustrados na sua juventude e que agora agem na busca por compensar o que também faltou-lhes, não negando mesadas aos filhos de dezoito aninhos ou mais e daí reforçando o hábito de uma infeliz dependência financeira! Conheci, recentemente, um pai que com ares de orgulho anunciava a todos os seus colegas e amigos, que passara a destinar aos seus dois filhos adolescentes uma quota mensal em qualquer dos melhores motéis desta nossa Uberlândia! Sou do tempo em que os jovens orgulhavam-se de dizer que trabalhavam para sustentar os próprios estudos, vestuário e diversão, ainda que a duras penas; e se moravam na companhia dos pais, ajudavam no que fosse preciso e da maneira que pudessem. Já na relação entre governados e governantes sempre imperou um certo grau de paternalismo nas tais indicações mas, de algum tempo prá cá, os privilegiados marajás ( com algumas exceções ) e em função de baixos salários enquanto lotados em alguma repartição pública, fingem que trabalham e ainda reclamam da qualidade do lanche que lhes é servido e até do ar-condicionado da seção onde tem o costume de marcar o seu ponto. O vexaminoso e obsceno paternalismo está disseminado e parece não ter mais volta; dispersou-se principalmente em prefeituras e outras empresas públicas e de economia mista a nível municipal, haja visto a quantidade de pessoas a elas encaminhadas a partir de cada nova eleição política, em função dos cargos de comissão distribuídos a partidos que apoiaram os políticos eleitos. E agindo cada vez mais demagógica e ironicamente, representantes do alto escalão governamental e de todas as esferas do poder proporcionam tudo isso às nossas custas; francamente! Numa sociedade capitalista há a necessidade que o dinheiro gire e gere mais dinheiro e a distribuição de renda seja justa, mas a praga do paternalismo impede um avanço mais lucrativo e ordeiro em função do despreparo dos tais afilhados políticos e que assumiram cargos públicos devido unicamente ao seu “Q.I” (Questão de Indicação). Confesso ter exercido, duas vezes e em diferentes ocasiões, cargos a título de comissão partidária mas, juro, envergonhado com o acanhado expediente de tarefas e a alta remuneração, em pouco tempo me demiti e tornei à iniciativa privada. Termino parafraseando Kennedy:-“É preciso, cada vez mais, que procuremos saber o que fazer pelo povo ao contrário de simplesmente continuarmos mamando nas fartas tetas do “papi” governo e enquanto acomodados em nossos cargos…de confiança”

Gustavo Hoffay
Agente Social
Uberlândia-MG