Autor: Rafael Moia Filho – Escritor, Acadêmico da ABLetras, Blogger, Analista Político e Graduado em Gestão Pública.

É muito triste ver que pagamos pesados tributos que, entre outras coisas, sustentam as nossas forças armadas com seu custo altíssimo. Preocupa ainda muito mais sabermos que ao final de um processo eleitoral limpo e transparente, uma parcela do comando militar brasileiro apoiou o planejamento para um golpe na democracia.
Com isso, tentaram trair a Constituição e o nosso povo ao participarem de diversas reuniões secretas após a derrota de Bolsonaro para Lula nas eleições gerais. Tudo para tentar manter no poder um sujeito que nada fez por eles nem pelo povo, muito menos pela pátria, em quatro anos enfadonhos e improdutivos.
A gestão Bolsonaro promoveu o atraso da educação, da ciência, com 700 mil mortes por falta de aquisição de vacinas e a patética disseminação de medicamentos para supostos tratamentos inexistentes contra a covid-19, como a Cloroquina. Uma gestão que não teve legado, não teve obras, não teve nada de positivo.
E foi para esse sujeito que emergiu do esgoto do baixo clero, expulso do Exército, que contou com a colaboração de alguns membros das Forças Armadas e da sociedade civil para planejar um golpe contra a pátria. Foram enganados ou estavam envolvidos até o pescoço nessa sórdida missão de colaborar com o planejamento de assassinatos de um presidente, um vice-presidente e um ministro do STF?
Graças ao trabalho investigativo da Polícia Federal, contendo áudios, vídeos, documentação farta e provas inquestionáveis, mais de 30 envolvidos foram denunciados por diversos crimes.
Essa gente que usou a religião, esteve em diversas Igrejas, mentiu para os pastores e seus fiéis, porque o projeto não era Deus, Pátria e Família. O projeto era de continuísmo no poder, manipulando essa gente, conquistando seus votos e mantendo o “rebanho” sob rédeas curtas.
Foram todos usados como massa de manobra, foram enganados pelo político mentiroso, ardiloso e golpista. Um dia, daqui há muitos anos talvez, alguns destes façam um mea culpa, por terem acreditado num sujeito que nunca foi cristão, que nunca proferiu as palavras de Cristo, que nunca comungou com os ideais religiosos.
As mortes na pandemia, a gestão improdutiva, os crimes cometidos, as joias desviadas da União, as propinas, nada fez com que milhares de brasileiros percebessem o quão estavam sendo enganados. Ao contrário, promoveram separações familiares e de amizade para defender um pulha, um golpista barato.
As investigações apontam que os acampamentos montados em frente aos quartéis após a derrota de Bolsonaro nas eleições faziam parte de um movimento articulado pelos militares.
“Talvez seja isso que o alto comando, que a defesa quer. O clamor popular, como foi em 64. Nem que seja pra inflamar a massa. Para que ela se mantenha nas ruas”, teria afirmado o General da Reserva Mario Fernandes em outro áudio.
A conspiração também envolvia a obtenção de informações sigilosas. Wladimir Matos, agente da PF, teria repassado ao grupo dados sobre a equipe de segurança e a localização do presidente Lula. Os dados foram usados para planejar ações que culminaram em episódios de violência, como os ataques em Brasília no dia da diplomação de Lula e Alckmin, em 12 de dezembro.
A investigação da PF, concluída em 21 de novembro, resultou no indiciamento de 37 pessoas, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro, o general Walter Braga Netto, o ex-ministro Augusto Heleno, Anderson Torres (ex-ministro da Justiça) e Valdemar Costa Neto (presidente do PL).