Antônio Pereira – Jornalista e escritor – Uberlândia-MG

Augusto César foi o deputado que conseguiu a emancipação do município de São Pedro de Uberabinha. Mudou-se para cá, candidatou-se a vereador, foi eleito e escolhido por seus pares como presidente da Casa e nosso primeiro agente executivo. Na segunda legislatura foi reeleito, mas declinou da honra de ser, de novo, o agente e o escolhido foi João Moreira Ribeiro. Lá pelos meados de setembro de 1895, a Câmara deixou de reunir-se. O clima político estava tenso. Era perigoso andar pelas ruas. Os líderes oposicionistas, coronéis Manoel Alves dos Santos, Severiano Rodrigues da Cunha e o capitão Pedro Machado Rodrigues da Silveira, entenderam de banir seus desafetos. Formou-se um batalhão de voluntários que se uniu à força militar para proteger a ordem. Marcada uma sessão da Câmara para o dia 18 de outubro, quase ninguém apareceu. Nem o Presidente. Augusto César assumiu a presidência, como substituto legal, não realizou a sessão por falta de quorum, mas expôs as razões daquela reunião: “…a cidade estava tomada por graves acontecimentos desde o começo do mês espalhando o terror e a desolação no seio da população, deixando a ordem pública completamente alterada.”
Sem número para deliberações, o Presidente limitou-se a apresentar uma moção aguardando reunião ordinária para discuti-la e votá-la.” Ei-la: “A Câmara Municipal profundamente contristada pelos infaustos acontecimentos que se desenrolaram no território deste Município tendo como intuito a deposição de distintas e honestas autoridades judiciárias e policiais, a violentação e a desonra de donzelas e famílias, o saque em estabelecimentos comerciais, o banimento forçado de prestigiosos cidadãos, em resumo, o massacre geral de uma população honesta e ordeira…” Responsabiliza como cabeça e principal responsável, o vereador Cel. Manoel Alves dos Santos e como seus comparsas os Vereadores Cap. Francisco Luiz da Costa e Jacintho Antônio Fernandes.
Ao final da Moção agradece ao tenente Augusto José da Silva por manter em sua integridade a Lei e a Ordem.
A barra esteve pesada. Será que foi assim mesmo, tão violento quanto descreveu nosso valioso vereador? O fato é que não deu em nada a denúncia.(Fontes: Atas da Câmara, Tito Teixeira)