Ivan Santos – Jornalista
O Brasil é um país especial. Nesta terra varonil há tantos políticos singulares que são capazes de vestir uma fatiota de esquerda ou de direita só para iludir os eleitores na hora de pedir-lhes os votos para continuarem a atuar como atores de Opera Bufa durante quatro anos no Teatro Congresso Nacional.
Há poucos dias os senhores deputados, que mutilaram o projeto original da Reforma Tributária que esperou quase 40 anos para sair das boas intenções na Câmara e no Senado. Mas o projeto está pronto? Não. Falta a regulamentação para entrar em vigor e esta, nenhum vivente humano em Pindorama é capaz de prever quando será aprovada. Também ninguém é capaz de prever quanto vai custar. Cada deputado, de esquerda ou da direita, só aprova projeto essencial se receber uma gorda quantia em dinheiro do Orçamento da República. Essa propina oficial, no meio parlamentar, é conhecida como Emenda Parlamentar. É um arranjo secreto feito para comprar votos de parlamentares no Congresso. Quem paga é o Governo com dinheiro desviado da Saúde, da Educação, da Segurança e do Auxílio Social. R$ 40 milhões para cada parlamentar é mixaria. Com o dinheiro o parlamentar pode financiar a construção de campos de futebol, clubes sociais e obeliscos nas suas bases eleitorais e garantir votos para continuar no Reino Encantado. A Emenda financia obras reclamadas pelo povo, sempre superfaturadas. Muitos atores da Opera Bufa embolsam secretamente uma fatia da Emenda. Como é para o bem do povo e felicidade geral dos parlamentares que se locupletam ao som do mar e à luz do sol nascente, vários vivem felizes graças ao Deus todo Poderoso que os protege.
A irresponsabilidade no Brasil festivo há políticos que vivem risonhos. No Brasil real ainda não há almoço nem jantar de graça. Quem almoçar sem pagar hoje vai ter que pagar a conta amanhã. A fatura da irresponsabilidade orçamentária já chegou a chegar. O governo já enfrenta um tumulto financeiro com o Real perdendo o valor e o dólar subindo diariamente. Estes são apenas os sinais da irresponsabilidade. Os juros já estão perto da estratosfera e inviabilizam compras a prazo e investimentos.
O Congresso que só pensa em Emendas entra de férias nesta semana e só vai retornar no dia primeiro de fevereiro para eleger novo presidente do Senado e novo presidente da Câmara. Algo vai mudar? Tudo vai continuar como sempre foi com mais e mais Emendas. Será como disse o velho Eça de Queiroz: “Tudo como dantes no Quartel de Abrantes”. Então é preciso procurar um padroeiro para sobreviver debaixo de tempestades.