Gustavo Hoffay*

Ruas e estacionamentos na área central de Uberlândia já começam a causar um pouco mais de irritação a um maior numero de pessoas e considerando-se, ainda, a falta de vagas para estacionamento e inclusive naqueles locais destinados unicamente a idosos e deficientes físicos devidamente cadastrados e onde motoristas diversos, sem direito a fazerem uso das mesmas, desafiam as autoridades de trânsito e desaforadamente estacionam ali os seus respectivos veículos, com plena consciência de que não serão punidos e dada a reconhecida falta de uma necessária e rigorosa fiscalização. Além, claro, de grandes lojas e pequenos comerciantes darem início a algumas radicais e impactantes mudanças em suas vitrines e o que, naturalmente, denuncia a chegada mais propícia para os seus respectivos negócios, em vista das festas que se aproximam e o que faz aumentar consideravelmente o fluxo de clientes naqueles locais. E nessa época do ano as pessoas têm sentimentos diferentes. Algumas padecem de depressão ou tristeza por estarem longe dos seus familiares e procuram uma alegria, ao menos superficial, em reuniões de amigos ou colegas de trabalho enquanto trocam de presentes a partir de sorteios de “amigo oculto” e cujas lembranças têm seus respectivos preços monetariamente limitados, como se o(a) amigo(a) a quem presentear tivesse tabelado o respeito e a admiração que merece; algo bem ao estilo pró forma. Outras pessoas tomam as festividades natalinas como ocasião das mais propícias para tomarem todas as bebidas de todas cores e sabores e ainda, é claro, empanzinarem-se de carnes, massas , tortas e bolos variados, entre sorrisos e abraços em meio (também) de muitos com quem pouco ou sequer conversaram durante o ano que está prestes a findar-se ( tim-tim, um brinde à demagogia ). E é evidente que empresários e comerciantes se vêem atolados em papéis, gráficos, cifrões e porcentagens a contabilizarem os seus admiráveis lucros e frutos de um consumismo não poucas vezes irracional e que esgota quase toda parte das economias do ano poucos dias antes do Natal. Mas será isso e esses que vivem realmente o espírito dessa época do ano? Fui criado numa época quando as reuniões familiares ao redor de uma mesa farta eram recheadas do verdadeiro sentimento de amor e fraternidade e quando ofensas distribuídas durante o ano findo eram realmente perdoadas ao som de lindas canções natalinas e abraços afetuosos. E hoje, mudou o Natal ou mudamos nós? Sinto que os abraços apressados não dão a mesma sensação de acolhimento de antes e que os cumprimentos rapidinhos substituem abraços sinceros. E como era bom receber Cartões que, logo a seguir, eram colocados nas árvores de Natal armadas nas salas e com toda pompa; hoje tais cartões são substituídos por “posts” e frases frias e resumidas enviadas pelo Whatsapp. Não, eu não sou um pessimista que cerra fileira com pessoas insensatas e que sequer crêem no real significado de uma data tão especial para os cristãos. Muito (mesmo) pelo contrário, desejo enxergar por trás das faces abatidas de pessoas sem-teto e/ou distantes de suas respectivas famílias e ali enxergar a sua alma límpida e o seu sentimento de esperança, enquanto celebrando a humanização de Deus-Pai. E então eu irei, certamente, mais uma vez, abraçar o próximo e pedir desculpas a Deus pelas muitas faltas cometidas durante o ano prestes a terminar; descobrir por mim mesmo que o Natal não mudou. Mudei eu e por isso poder dar Glórias a Deus nas alturas e pedir Paz na terra não apenas aos homens de boa vontade, mas a todos e sem exceção! Muita paz e luz a você que leu até aqui esse breve texto e até uma breve oportunidade, com muita saúde e alegria para todos nós. Em tempo: não tenho o costume de presentear sequer pessoas do meu círculo social e mesmo familiares no Natal, pois apenas prefiro acreditar que seja essa uma época das mais propícias para reflexões e orações por um mundo melhor, preferencialmente junto a amigos e parentes próximos.
Gustavo Hoffay

Agente Social
Sete Lagoas-MG