Antônio Pereira – Jornalista e escritor – Uerlândia – MG

O comendador Alexandrino Garcia faleceu aos 86 anos de idade. Era português da Aldeia da Lapa do Lobo. Hoje é uma referência ao trabalho bem-sucedido. Todos o admiram, construtor de um império econômico como poucos. Ninguém sabe, no entanto, como foi duro o seu princípio de vida.
Seu primeiro emprego, aqui no Brasil, com pouco mais de doze anos, foi no armazém do Marquinho de Freitas, que ficava do outro lado do rio Uberabinha, depois da ponte do Praia Clube. Ele recolocava mercadorias no seu lugar, varria, limpava, buscava e levava coisas. A estrada que ia para o Prata passava em frente ao armazém e subia o morro. No topo do morro tinha uma porteira. Quando ele via uma poeirinha subindo, lá em cima, pedia para o seu Marquinho e corria lá para abrir a porteira. Ganhava uns trocadinhos a mais. Levava tudo para seu José, seu pai, que pagava com sacrifício as prestações da chácara na rua Treze de Maio (Princesa Isabel).
Foi ajudante de pedreiro e carregou massa para se levantarem as paredes do Colégio Estadual (Museu). Também trabalhou na construção da ponte do Marquinho (perto do Praia Clube).
Foi ferreiro nos Crosara e depois no Victório Siquierolli.
Seu tio João Agostinho ensinou-lhe mecânica e, tempos depois, dizia que o Alexandrino consertava qualquer coisa, qualquer máquina.
Da oficina do Victorio foi para a Ford de José dos Santos onde aprendeu mecânica de automóveis e dirigir com o Nenen da Ford, futuro sogro do dr. Luiz Garcia.
Trabalhou também numa oficina de automóveis que ficava na avenida Afonso Pena esquina com a rua Goiás.
José Garcia, seu pai, por essa época, comprou um caminhão Ford por três contos de réis. Deu para os irmãos Alexandrino e Zé Maria e eles engajaram na epopéia dos caminhoneiros daqueles tempos, ao lado do Nego Amâncio, o velho Ruguê, Fogarelli, Martinelli, João Gomes, Vicentini, Zé Nelson, Chico Aprígio e tantos outros heróis. Faziam Goiatuba, para onde levavam querosene, farinha de trigo, gasolina, arame farpado etc.
Já maduro, na hora de casar, Alexandrino trabalhou em máquinas de arroz, uma delas, do João Peixoto, ali na praça Cícero Macedo. Depois foi montar máquinas em Jataí e ficou por lá, como maquinista do Osório Zaiden.
Casado com d. Maria Silva, Alexandrino voltou para Uberlândia e foi trabalhar de maquinista na praça do Rosário, com Salomão Attie e depois foi para a máquina do seu tio João Agostinho, no início da avenida Afonso Pena, quase esquina com a rua Barão de Camargos, onde muitos anos depois foram as oficinas do Correio de Uberlândia.
João Agostinho admitiu o cunhado José Garcia como sócio, depois, vendeu-lhe sua parte. José guindou o filho Alexandrino para a sociedade e, a partir daí, inicia-se uma outra história, ainda de muita luta, porém, de muito sucesso. (Fonte: Antônio Pereira da Silva (“Com o Suor do Teu Rosto”, biografia do comendador Alexandrino Garcia)