Marília Alves Cunha – Educadora – Uberlândia – MG

Não pretendo comentar os festejos comemorativos preparados
pelo Governo federal para lembrar o 08/01 ou a
“democracia”. Eu, como a maior parte do povo brasileiro,
não estou disposta a enganos de qualquer natureza…Somos
suficientes para conhecer a verdade dos fatos e só nos
cabe lastimar profundamente o rumo dos acontecimentos que
tomaram aquele fatídico dia, em 2023.

Mas não posso me dar ao luxo de não comentar um fato que
mostra claramente uma maneira tosca e grosseira de um
presidente que, rejeitando a história, quer reescrevê-la
de seu jeito, um jeito tosco, volto a repetir. Há muitas
pessoas neste nosso Brasil de pouco estudo. Mas mesmo o
sendo, guardam em si sensibilidade, sabedoria, bom senso e
não torcem os fatos na ânsia de transformá-los em
narrativas.

No dia 08/01/2025, em meio à variadas atividades, o
presidente Lula, acompanhado da 1ª. Dama, do Ministro Rui
Costa, vários assessores e seguranças, visitou uma galeria
dos estragos feitos por baderneiros há um ano,
transformados depois em atentado à democracia. Engraçado,
já assistimos vários episódios bem sérios de quebra-quebra
na praça dos Três Poderes, mas nunca nada foi exposto em
galeria, nunca houve posteriormente nenhuma alusão a estes
fatos. Bem, deixa pra lá… a democracia relativa é também
seletiva. Após, a comitiva visitou a galeria dos ex-
presidentes e o presidente fez várias observações (numa
constatação que às vezes o silêncio é de ouro…).

Observando os retratos ali expostos, Lula fez algumas
observações nada pertinentes, sugerindo mudanças nos
contextos: de acordo com ele deveria conter em cada
presidente retratado o período em que governou, número de
votos recebidos, como a autoridade foi eleita. “O que eu
quero é que a galeria conte a história. Dilma foi reeleita
e depois sofreu impeachment, por um golpe. Depois esse
aqui (Temer) não foi eleito, tomou posse em função do
impeachment da Dilma e depois esse aqui (Bolsonaro) foi
eleito em função de mentiras. É isto que tem que colocar. A
única coisa que eu quero é que as pessoas, ao olhar as
fotos dos presidentes saibam o que aconteceu com cada um.
Tem presidente aqui que ficou só um dia na presidência.”

Senhor Presidente, peço licença para lembrar algumas coisas
ao senhor que não foram nem serão esquecidas:
*Dilma, apesar de ter um primeiro mandato muito ruim, nada
a ver com a “gerente” indicada com estardalhaço, foi
reeleita. Colaborou e muito neste processo o esforço dos
marqueteiros Duda Mendonça e João Santana que, a troco de
muito, muito dinheiro fizeram milagres. Criaram imagens
muito tocantes e mentirosas de uma realidade que nunca
existiu e recriaram um passado nada bonito. E Dilma,
senhor presidente, não foi vítima de golpe e sim de sua
incompetência ao dirigir o país. Seu impeachment foi,
inclusive, ratificado pelo STF, na pessoa do sr.
Lewandowski que, num ato de grande amizade e bondade,
ferindo a CF, fatiou um artigo e deixou-a elegível.
*Carlos Luz foi presidente de 8/11/1955 a 8/11/1955 –
portanto 3 dias. Mas foi presidente e deve ocupar, sim, um
lugar na galeria dos ex-presidentes.
*O Sr. Michel Temer ocupou o lugar de Dilma Roussef
(impedida) como manda a nossa CF que, lembro aqui, deve ser
respeitada. Foi eleito sim, pelo seu partido, como vice-
presidente. Não houve golpe e sim obediência às regras da
lei em vigor. Fez algum bem ao Brasil, salvou alguma coisa,
já que parecia tudo perdido.
*Jair Messias Bolsonaro – eleito democraticamente pelo povo
brasileiro, para ser presidente da república de 2018 a
2022. Em “função de mentiras” é uma criação dentre as
muitas inventadas pelos que querem ocupar definitivamente o
poder e não suportam qualquer ameaça que lhes tire a
importância. Em meio a uma bonita campanha, apoiada pelo
povo, foi alvo de uma tentativa de assassinato até hoje não
desvendada…

*O senhor passou pela sua foto e não falou de seu governo,
de como deveria ser o contexto abaixo do retrato, de como
foram os seus 2 primeiros mandatos. Sr. Lula, se a história
fosse ser contada numa galeria de ex-presidentes como ela é
e não através de narrativas, penso que a sua seria
bastante longa, mas não bonita. Seriam necessárias muitas
linhas, um grande espaço para conter os desvios de
finalidades em que seus governos se embaralharam. A
história verdadeira, não as narrativas, trazem resultados
nada elogiáveis, nada que possamos dizer como honrosos e
meritórios a sua pessoa. E queira Deus, que o 3º. Mandato
não redunde em um grande fracasso e o povo brasileiro não
pague, mais uma vez, pelos desajustes de uma gestão
perdulária e marcada por um profundo desencontro com o
Brasil que queremos.