Gustavo Hoffay – Agente Social
Em Uberlândia, até recentemente, tive a graça de poder dedicar-me durante pouco mais de vinte anos a uma tradicional e reconhecida entidade que cuida da reabilitação de dependentes do álcool e outras drogas e, depois, também com muito entusiasmo e nessa mesma cidade , ser aceito para fazer parte de um dileto grupo de voluntários que, a quase trinta anos, acolhe, orienta e oferece alento e informações básicas a pacientes em tratamento no Hospital do Câncer. Em ambas as instituições de saúde era muito comum eu ouvir de alguns parentes e amigos de pacientes ali em tratamento, questões relativas à justiça e à piedade divina e ao ponto de levantarem dúvidas a respeito da existência de Deus, em face de não sentirem-se convenientemente atendidos em suas preces enquanto na angustia pela qual passavam. Especificamente no Hospital do Câncer era habitual eu assistir expressões de desânimo, impotência e apavoramento, falta de fé e mesmo de uma mínima esperança de melhora do quadro de saúde de um parente ou amigo ali em tratamento, algo percebível por qualquer pessoa em semblantes que estampavam o mais completo desalento. E mesmo que todos os modernos recursos terapêuticos estivessem sendo cuidadosa e cientificamente ali aplicados por capacitados profissionais da saúde, o desconforto de uma intensa agonia era visível no rosto de jovens e adultos de ambos os sexos. Um dia, enquanto atendia e ouvia pacientes na fila de espera do setor de quimioterapia sensibilizei-me, profundamente, ao ouvir de uma jovem mãe, tendo seu filho de quatro anos de idade ao colo, a seguinte frase: -“ Moço, o meu filho está morrendo! Que Deus é esse, que permite tal sofrimento para ele e por consequência para mim e toda a nossa família? Se Deus é todo poderoso e piedoso, porque não zela por nós”? Seus olhos, banhados em lágrimas, traduziam angustia e sofrimento intenso e fez que eu parasse à sua frente e, em seguida, num átimo reflexivo dissesse-lhe: – “Sou pai e imagino entender a sua dor diante do quadro de saúde do seu filho. E digo-lhe do fundo do meu coração e com toda a sinceridade que, um dia, em razão da morte violenta de um dos meus filhos e dos meus pais, também cheguei a pensar o mesmo a respeito de Deus. Mas o tempo e também a sabedoria de Frei Antonino Puglisi, um velho e queridíssimo frade capuchinho com quem tive a graça de conviver ao longo de quinze anos, clareou-me a mente, ao ouvi-lo dizer que “é Deus quem nos dá a força, a coragem e a paciência para enfrentarmos os golpes da vida. Deus não é nosso adversário, Ele é nosso aliado! Ele é a fonte do nosso poder de suportar, da nossa capacidade de superar e nossa determinação para continuar caminhando”! E fixando o meu olhar no mais profundo dos olhos daquela mãe, arremetei emocionado: -“Sugiro que não perca nunca a sua fé! Continue orando para que Deus dê a você a força necessária para suportar com serenidade e sabedoria esse doloroso momento. Ore com fé por mais coragem e fortaleza para superar o insuportável”. Hoje, passados alguns meses desde então e também trazendo em mim cicatrizes de perdas e dores atrozes adquiridas ao longo dos meus quase setenta anos de vida, sou testemunha de que o sofrimento educa, engrandece e dignifica quem sabe recebê-lo e tratá-lo com serenidade e amor a Deus. Principalmente enquanto na honrosa porém humilde condição de integrante do grupo de voluntários do Hospital do Câncer, em Uberlândia, foi que percebi o quanto a fé cristã afirma que Deus reequilibra o avanço do mal e faz que pacientes e os seus parentes e amigos tenham a justa paga das suas virtudes. “Pedi e recebereis”; “buscai e achareis, batei e abrir-se-vos-á”!
Amigo Gustavo como é bom ouvir relatos do cotidiano.de coisas que passamos ou vemos alquem passar durante nossa vida ,como vc deve ter conhecimento fomos colegas como voluntarios no HC de uberlandia e também fui paciente e minha história se confundem com quase todas ..sofrimentos..medos..até um pouco de falta de fé.. mas amparados pelas mãos divinas hoje estamos curados e temos milhões de motivos para agradecer a Deus…
Por tudo que ele nos livrou..então estou com vc quando vc diz que não devemos perder a fé.ela realmente transporta montanhas..grande abraço. meu.grande e querido amigo..