Antônio Pereira – Jornalista e escritor-historiador – Uberlândia – MG

Após o Concurso de Miss Brasil, 1968, vencido pela baiana Marta Vasconcelos, ficando em segundo lugar a uberlandense Ângela Stecca, homenageou-se a Bahia com um desfile das mais bonitas brasileiras em Salvador, onde a nossa representante foi sabotada. Puseram-lhe uns produtos estranhos na cabeça que lhe estouraram os cabelos. Nem por isso os resultados foram mudados, nem por isso Ângela deixou de ser a segunda mais bela. Mal chegada de volta à sua terra, ela correu ao Instituto Reilla, que ficava na sala 17 da Galeria do Uberlândia Clube, em busca de socorro. Foi o Rolando que a atendeu e trabalhou durante cinco dias na restauração dos seus cabelos.
O Instituto Reilla era da família de dona Antonieta e do seu Orlando Rodrigues. Foram eles que cuidaram da Ângela enquanto candidata. Rolando acompanhou-a a São Paulo e ao Rio de Janeiro.
A Associação dos Cabeleireiros de Uberlândia, cujo Presidente era o Rolando Rodrigues, conseguiu, há uns quinze anos antes, com o organizador Caio Gama, que o concurso de Miss Minas Gerais fosse realizado no UTC. Os cabeleireiros daqui pentearam as vinte e cinco candidatas gratuitamente. Saiu Miss Minas Gerais a ibiaense Marluce Pereira, embora todas as fichas tivessem sido jogadas na uberlandense Mauricéia que tinha merecido os cuidados do Instituto. Esse concurso recebeu até placa na praça Tubal Vilela. Três anos depois, Uberaba ciumenta, puxou pra lá o Miss Minas Gerais e lá foi o Rolando pra terra do zebu, pelo Instituto Reilla, dar atenção à nossa Miss, a Maria da Graça que conseguiu o terceiro lugar.
A Miss Uberlândia do coração do Instituto foi a de 1958: Rachel – uma das filhas de Orlando e Antonieta. Nem podia ser diferente. Quando a Miss Brasil Terezinha Morango visitou Uberlândia, recepcionada por d. Marita, esposa do Lino da OK (padrasto do Senador cassado Luiz Estêvão), as duas desfilaram no Uberlândia Clube para a sociedade local.
Seu Orlando, dona Antonieta, Ruth, Rachel, di Rolando e Reilla pentearam as mulheres mais lindas, as senhoras mais destacadas de Uberlândia para os mais importantes acontecimentos sociais como casamentos chiques, bailes de debutantes, festas de fim de ano, formaturas, encontros de Rotarys, de Lions e outros.
O Instituto, entretanto, não cuidou apenas da beleza. Nos anos sessenta do século passado, seu Orlando foi Presidente do Sindicato dos Cabeleireiros. Com a suspeita que se debruçou sobre os sindicatos, principalmente depois de 1964, os cabeleireiros resolveram transformar o Sindicato em Associação e Rolando Rodrigues, por muitos anos, foi seu Presidente. Além das tradicionais reivindicações profissionais, a Associação organizou desfiles, encontros e outros tipos de eventos captando fundos para os Patronatos, para os trabalhos sociais dos clubes de serviço. Organizou cursos gratuitos de cabeleireiros nos bairros e orientaram os interessados em ingressar na profissão.
Seu Orlando e dona Antonieta chegaram de Ipameri no dia 11 de agosto de 1951. Estabeleceram-se, de início, na rua Santos Dumont, onde está o Lojão dos Tecidos. Depois passaram-se para a Galeria do Uberlândia Clube onde ficaram 22 anos (de 1956 a 78). Hoje, o Instituto está na avenida Cesário Alvim, esquina com a rua Duque de Caxias, em prédio próprio, onde se concentram Reilla Shop, Bio Extratus, Di Rolando Cabeleireiros, Reilla Cabeleireiros e Academia Companhia do Corpo.
Quando aqui chegaram, em 1951, encontraram estabelecidos alguns bons profissionais como a Clotilde, a Berenice e a Matilde. A chegada dos Rodrigues com seu alto padrão de trabalho, revolucionou o ramo e atraiu profissionais vindos de grandes centros como o Ataíde e os seus irmãos. Nos salões do Reilla se formaram bons profissionais estabelecidos aqui e até em capitais como Brasília, Belo Horizonte, Goiânia, São Paulo. Saíram do Reilla: a D’Arc, o Herbert, a Mauricéia, a Juracy, a Luzia, o Ronaldo, o Hélio, o Totonho, o Carlinhos e outros.
São raras as empresas que chegaram ao cinqüentenário em Uberlândia. Na área da prestação de serviços, acredito que não haja outra, além do Reilla. Seus criadores já faleceram, seu Orlando em 1981 e dona Antonieta em 1985. A cidade, além do prestígio junto à clientela, tem recompensado a participação do Instituto na realização da beleza local; seu Orlando foi homenageado com o nome de uma rua, no Alto da Colina e Rolando Rodrigues recebeu o Título de Cidadão Honorário. (Fontes: Di Rolando e Couto de Andrade).