Rafael Moia Filho*

A insistência com a tese burlesca do uso profilático da Ivermectina e da Cloroquina como solução para a Covid-19, além de beirar a insanidade, insulta aos bons médicos e a ciência.
Desde o início da pandemia, os bolsonaristas espalham vídeos com declarações de médicos que deveriam ter suas licenças médicas cassadas por estarem mentindo e usando de falsas alegações para iludir a população, sem que houvesse desde então alguma comprovação científica para tais colocações.
Nenhum país do mundo fez uso destes medicamentos, visto que não existe nenhuma comprovação científica na medicina para corroborar sua indicação em qualquer uma das fases da doença.
Como explicar então essa insanidade levada às redes sociais e ao WhatsApp por pessoas que tem em comum um político de estimação – Jair Bolsonaro, ex-deputado por 28 anos sem nunca ter feito algo de razoável para seu Estado do RJ, por onde se elegeu seguidas vezes nem para a Nação?
Então por que espalhar mentiras em nome de um boçal inepto que diante de 205 mil mortos pela Covid-19 nada fez em seu cargo, nem uma nota sequer aos familiares dos que morreram vítimas da doença? Sonegou recursos a vários Estados permitindo que o caos se instalasse.
As mortes ocorridas em Manaus por falta de recursos financeiros pelo presidente ter negado compra de um avião para uso exclusivo no deslocamento de medicamentos e demais insumos como os cilindros de oxigênio. Ao invés disso, mandou aquela capital o seu boneco de ventríloquo Pazuello que disse que a situação iria melhorar se eles estivessem tomando cloroquina…
Fica claro e explica porque os abestalhados dos seus seguidores, entorpecidos por lavagem cerebral ou muita cloroquina, insistem em espalhar depoimentos falsos sobre medicamentos para tratamento de vermes e outras doenças como supostas curas para a Covid-19.
Para agravar ainda mais a situação alguns religiosos charlatães pregam em seus templos a suposta cura com medicamentos feitos por eles ou suas igrejas.
Outro exemplo de charlatanismo e vigarice está num vídeo em que uma médica camaronesa radicada nos Estados Unidos (EUA) defende um coquetel de medicamentos como cura para a covid-19 e critica o uso de máscaras apresentando informações falsas. Tanto a Organização Mundial da Saúde (OMS) quanto as autoridades sanitárias americanas e do Brasil já declararam que ainda não há cura para o novo coronavírus e que as máscaras são uma das poucas medidas eficazes para evitar a propagação do vírus.
O Brasil é o único país do mundo onde continuam a circular com frequência notícias falsas sobre cloroquina, ivermectina e azitromicina como curas para a Covid-19, que já foram desmentidas por diversos estudos científicos. E, ao contrário da maioria dos países, apenas no Brasil, na Índia e nos EUA as disputas políticas internas são o principal motor para a desinformação sobre a pandemia.
Isso é o que mostra o levantamento “Political (self) isolation” (Auto isolamento político), realizado pelo LAUT, INCT.DD e o laboratório de pesquisa forense digital do Atlantic Council. “Como nenhum desses medicamentos se provou eficaz (contra a Covid-19), a discussão esfriou na maioria dos países. No Brasil, no entanto, esses tópicos persistiram, a ponto de tornar o ambiente de discussão diferente do resto do mundo”, diz o levantamento.
Se tivéssemos um presidente sério e uma justiça ativa e preocupada com nossa sociedade, essa gente deveria estar na cadeia pelo crime de espalhar mentiras e colocar em risco a vida humana.

*Escritor, Blogger e Graduado em Gestão Pública.