Antônio Pereira da Silva*
Os italianos, via de regra, vieram para o Brasil para trabalharem na lavoura. Muitos, assim como os portugueses, fugiam da guerra. Depois se espalharam por aí. Os Savastano, não. Vieram fugidos, mas não foi da guerra. Antônio Savastano fugiu por amor. Era sacerdote católico em Sorrento, província napolitana. Apaixonou-se por Rosina di Mauro e a cidade não aceitou. Pressionados, o jeito de realizar a paixão foi fugir para o Brasil.
Instalaram-se em Cabo Verde, pequena comunidade nas proximidades de Santa Rita do Passa Quatro, no estado de São Paulo. E aí nasceu o primeiro fruto do amor discriminado: Sylvio Mauro Savastano que foi o primeiro da família a residir na velha Uberabinha.
Lá em Cabo Verde, Antônio ainda dizia missas, mas em Uberaba, para onde logo se mudou, suas atividades religiosas restringiram-se a atos menores como batismo e confissões.
Para sustentar condignamente a família, Antônio tornou-se mascate trabalhando nas áreas do sul de Goiás e Triângulo Mineiro. Acabou assassinado num assalto de que foi vítima, em Abóboras (hoje, Rio Verde), em Goiás. Deixou cinco filhos com a Rosina: Sylvio que, um dia, deu com os costados em Uberabinha e mais quatro irmãs que ficaram em Uberaba.
Antes de Uberabinha, Sylvio morou em Monte Alegre e aí se casou com Severina Guimarães, viúva, conhecida na intimidade como Rola. Em 1916, ou 17, mudaram-se para Uberabinha. Construíram residência na esquina da rua Goiás com a avenida João Pinheiro. Nessa época, a gripe se espalhou tragicamente pela cidade. Morreu gente demais. Fugiram para a roça. Era a única saída.
Sylvio instalou o segundo cinema da cidade, o Cinema Central (depois, Cine It) que ficava na praça Antônio Carlos (hoje, Clarimundo Carneiro). Era 1918, o cinema era mudo e usava músicos locais para animar as fitas. Tocaram no Central o clarinetista Dell’Isola e a pianista Luzia Borges.
Na década de 1931, a família Savastano uberlandense foi enriquecida com a chegada do “Minusculo”. Era um homenzarrão chamado Antônio Savastano, de Uberaba. Era músico, compositor. Fez muitas marchinhas e sambas para o Carnaval. Nesse tempo, cantava-se nas ruas músicas feitas pelos compositores locais, como Inocêncio Rocha (pai da Nininha Rocha), Bengo, os França e muitos outros. Minúsculo organizou peças teatrais musicadas. Tocava violoncelo.
Sylvio e Rola tiveram cinco filhos: Olavo, Afonso, Fausto, Iolanda e Sílvia. Gente ligada ao comércio e à indústria. Afonso foi presidente da Associação Comercial (1955/56) e seu filho Carlos Henrique também presidiu a instituição (1971/72) substituindo o presidente Evaldo Ribeiro que adoeceu e faleceu.
Olavo foi médico e patrono do Centro Estadual de Saúde.
*Jornalista e escritor – Uberlândia – MG