Ciência abordada é um ramo da Geologia que estuda os vestígios deixados pelos organismos
Livro possui 672 páginas e sua capa demonstra um processo deposicional, em que vestígios de organismos com o tempo foram sedimentados.
(Foto: Divulgação)
Daniel Sedorko é professor de Geologia no Campus Monte Carmelo da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Em parceria com Heitor Francischini, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), e com apoio do Laboratório de Geologia Sedimentar da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o docente da UFU publicou o livro “ICNOLOGIA: interações entre organismos e substratos”, que aborda aspectos introdutórios das várias áreas deste ramo da Geologia que lida com traços e rastros dos organismos. A ideia surgiu em 2018, quando os autores estavam terminando o doutorado em Icnologia e se depararam com a falta de bibliografia introdutória a este tema em Língua Portuguesa.
O livro conta com participação de 35 pesquisadores do Brasil e do exterior para introduzir os leitores ao assunto, desde os conceitos mais básicos até as principais aplicações da Iconologia nas Biociências e Geociências. “A Icnologia é uma área de interface entre as Geociências, por estudar como e onde os substratos se preservam, e as Biociências, que foca nos organismos produtores. Esse projeto busca ser fonte didática para os interessados na Icnologia, apresentando as principais aplicações do tema”, resume Sedorko.
Segundo ele, a importância de pesquisar sobre Icnologia pode ser entendida nas suas duas vertentes, a Paleoicnologia (estudo das estruturas antigas) e a Neoicnologia (estudo das estruturas atuais). “As informações paleoambientais podem ser utilizadas para fins acadêmicos, para entender os ambientes deposicionais, bem como na compreensão de sistemas petrolíferos. Também trazem informações sobre o comportamento dos organismos, aspectos que não saberíamos analisando apenas os fósseis. Na Neoicnologia busca-se entender como os organismos produzem as estruturas, possibilitando também correlações com o registro fossilífero”, informa o pesquisador.
O público-alvo da obra são estudantes de Geologia e Biologia, entre outras áreas correlatas, assim como estudantes de pós-graduação em Geologia, Geociências ou Biociências. Sedorko comenta que no Brasil existem poucos pesquisadores atuando nesta área e que a publicação também tem intenção de fomentar o assunto, que ainda é superficialmente explorado nos cursos de formação em Geociências no nosso país. “É uma área relativamente nova, com os trabalhos seminais sendo da década de 1950. Por isso, ela é comumente abordada como parte da Paleontologia, embora seja uma disciplina independente”, explica.
Finalizando, Sedorko afirma que, embora este projeto tenha se iniciado antes de seu ingresso na UFU, e mesmo com as dificuldades financeiras que atingem as instituições de ensino no Brasil, a universidade foi uma possibilitadora da publicação: “Aqui tive suporte para continuar minha pesquisa na área de Icnologia e para dar andamento a esse projeto.”
Os interessados podem adquirir o livro no site da Editora CRV.