Gustavo Hoffay*

Aumenta exponencialmente o numero de eleitores bolsonaristas insatisfeitos com o Poder Executivo e receosos com o que reserva o líder tupiniquim, cujas ações e intenções não se coadunam com a necessidade e a esperança de dezenas de milhões de brasileiros. Tornei-me, sim (e não faz muito tempo) um eleitor inconformado de Jair Messias Bolsonaro e sadiamente impaciente diante de um horizonte político absolutamente incerto que começa a delinear-se aos nossos olhos, principalmente em se tratando das projeções referentes às candidaturas para presidente nas próximas eleições: Lula, Dória, Moro e outros menos cotados. Mergulhado em uma crise social e de saúde sem precedentes em toda a sua história, o Brasil navega sobre ondas revoltas e sob o pretenso comando de quem se passa por um líder que foi escolhido por uma iludida maioria de eleitores tupiniquins e dentre os quais, confesso, incluo-me. Imagino que diante da atual situação de desânimo popular em relação aos cuidados com a prevenção e a cura da COVID-19, aquele presidente reserve ao menos quinze horas ao dia para tratar de assuntos relacionados à pandemia no afã de socorrer o seu governo, unicamente no preparo de estratégias de impacto que despertem a confiança dos seus eleitores que, talvez ele imagine, só servem para lançar queixumes, reclamarem da demora de aplicação das vacinas e exporem dores e dificuldades atrozes. A mais recente troca de comando no ministério da Saúde é uma prova inconteste de que ele, o Messias, está trocando seis por meia dúzia e com a clara e única intenção de dar uma satisfação à grande maioria de uma população que “perturba”e caçoa da sua capacidade de comandar uma embarcação prestes a ir a pique. Doloroso, sim, reconhecer-me traído, enganado pelo candidato em quem votei e afligir-me diante de uma realidade que demonstra a total falta de lideranças políticas capazes de tomarem o timão da nave Brasil. Não compraz-me assumir esse fato publicamente; mas o prenuncio de uma desgraça ainda maior assola as mais básicas aspirações da brava gente brasileira. É lamentável continuar contemplando a maneira arrogante e auto-suficiente de como Bolsonaro aborda o assunto “Covid-19” e como se tivesse total controle sobre o caos latente em todos os quadrantes brasílicos. Bolsonaro, levando em conta a sofrível atuação de um comandante com especialização em logística militar e certamente rendendo-se a ingerências políticas, a constantes ataques da imprensa e a críticas da Organização Mundial da Saúde, recentemente anunciou o seu novo porta-voz, um novo “garoto de recados”, enfim uma nova espécie de marionete para fazer figuração à frente do ministério da Saúde e em seu nome, claro. A intenção do Messias era, como ele mesmo já afirmou diversas vezes, mostrar ao Brasil e ao mundo que é ele quem manda e desmanda em se tratando do destino de mais de duzentas milhões de pessoas; somente ele, mais ninguém e mesmo insistindo em não dar ouvidos a qualquer orientação científica enquanto seguindo o que sopra-lhe a raspa da sua consciência quando o assunto é, inclusive, a atual e desafiadora pandemia. A clara fissura provocada por ele em suas relações com os poderes Legislativo e Judiciário aumenta cada dia mais, ao ponto de confrontar-se com a ciência. As tresloucadas e atabalhoadas decisões daquele que foi o meu candidato à presidência desta República, espalham-se por todo o Brasil e o mundo como fogo morro acima e água morro abaixo, causando sérias e embasadas controvérsias além de graves riscos à saúde física ( e até mental) da sociedade brasileira em geral. Salvo, por enquanto, graças a uma comunhão bolsonarista e em evidência nas principais cidades do nosso Brasil, o Messias ( de nome e auto proclamado) mostra a que veio e visa unicamente originar a falsa idéia de que tem o controle sobre tudo e sobre todos, “tá ok”? Provoca, ele, divisões e dissidências políticas e procura com suas falas e gestos hipócritas conquistar a simpatia e a obediência de pessoas que ainda iludem-se com uma política de Saúde que só faz aumentar o sofrimento de centenas de milhares de brasileiros e das suas respectivas famílias. As sementes do sectarismo continuam sendo plantadas e cultivadas no terceiro andar do Palácio do Planalto e isso, confesso, assusta quem continua aguardando por um poder Executivo justo e confiável na terra de Macunaíma.

*Agente Social – Uberlândia-MG