Ascom/CMU

Durante a 8ª reunião ordinária do mês de maio, dia 13, compareceram ao Legislativo representantes dos movimentos negros em Uberlândia, Maria da Conceição Pereira Leal (Conceição Leal) e o militante anti-racista Wallace Alves. A presença deles na Câmara Municipal foi uma iniciativa da vereadora Dandara (PT) que considera que a libertação nunca chegou ao povo negro que mantém suas lutas, organizações e ainda lutam pela vida ainda nos tempos atuais.
Conceição Leal, pioneira dos movimentos negros em Uberlândia, avalia que houve avanços nas comunidades negras em sujas lutas e para isso também contribuiu a Câmara Municipal no passado; para ela a abolição é um ato inacabado porque foram libertos mas massacrados no geral, como a chacina do Jacarezinho (RJ) e as crianças negras que são mortas brincando nas portas de suas casas. Cumprimentou às vereadoras pela maior representação feminina na história do Legislativo e a vereadora Dandara, representante negra na Câmara.
A vereadora Liza Prado (MDB) autora da Comenda Zumbi dos Palmares ocupou a tribuna para honrar a Conceição Leal, uma lutadora do movimento negro que enfrentou preconceitos e discriminações. Liza Prado afirma ter orgulho de ser a autora da Comenda mas que já propôs alteração na lei para incluir a esposa de Zumbi no nome da mesma que deve passar a ser Comenda Dandara e Zumbi dos Palmares reconhecendo e homenageando as mulheres negras que são várias Dandaras e merecem respeito, sem discriminações de raça, gênero, religião.
Wallace Alves lembrou a participação do povo negro na construção da cidade e que a abolição da escravidão foi apenas uma farsa jurídica porque o Estado assinou ao mesmo tempo leis para impedir aos negros acesso à terra, educação, religiosidade, sofrendo inferiorização e criminalização. Segundo Wallace Alves o racismo é estrutural, onde políticos brancos fazem política para os brancos. A chacina contra os negros não tem fim, disse Wallace Alves, porque não há interesse parlamentar em conter a matança do povo negro. Wallace Alves considera que a revogação do feriado do Dia da Consciência Negra (29 de Novembro) na cidade, aprovada pela Câmara, é uma forma de manter o racismo estrutural porque em dias de trabalho o povo negro não pode se manifestar como nas festividades cristãs. Para Wallace é preciso que Uberlândia honre os representantes históricos das lutas do povo negro e deter o racismo com políticas públicas que não mantenham o povo negro como periféricos e vítimas dos derramamentos de sangue.