Gustavo Hoffay*
Tenho boas razões para crer que em breve, muito breve, o Partido dos Trabalhadores (melhor seria se fosse, de fato, “de” trabalhadores) irá ressurgir com a sua velha e cansativa ideia de fazer do Brasil uma nação de “sociedade comunitária”, um passo além do capitalismo e do socialismo e que notadamente inclina-se para a segunda opção. Já é esperado que Luiz Inácio, o Lula, irá reaparecer no cenário político tupiniquim com um discurso já conhecido por todos: – “O atual regime político brasileiro, comandado por capitão absurdamente opressor, fascista e genocida aprofunda desigualdades na população e o que apenas fortalece a manutenção de um sistema político no qual ricos e poderosos dominam o resto da nação”; enfim a mesma lenga-lenga que aplica desde 1.989 e quando o candidataram pela primeira vez para o cargo de presidente da República. É claro, claríssimo aliás, que da maneira das vezes anteriores e ciente da força que vem do interior, Luis Inácio usará do discurso de incorporar o homem do campo e da periferia das grandes cidades ao processo político, social e cultural enquanto disparando a sua metralhadora giratória contra um governo que favorece a ocorrência de abusos econômicos e totalitários, um ditador desalmado e atrevido. Corre-se aí o risco do ressurgimento de desastrosos movimentos inspirados no MST e, com ele, todo um manejo político para que sejam ignoradas as regras básicas de uma produção agrícola ordenada, satisfatória em todos os sentidos. Aceitar e trazer de volta ao Brasil pessoas já condenadas por atos terroristas ou perseguidos políticos em seus respectivos países de origem, talvez até sejam algumas ações futuras que não constarão do discurso eleitoral de Luis Inácio mas que, se eleito, irá concretizar-se e a exemplo do que já ocorreu em administrações anteriores.Quando ocupante do trono do Palácio do Planalto , Luis Inácio acariciou governos sul-americanos e caribenhos ao mesmo tempo em que flertava com o poderoso presidente norte-americano, Barack Obama, num claro e explícito desempenho no papel de “soldado universal”; um herói, um epopeico presidente tupiniquim na caça de extraordinários milagres e imediatas e excelsas soluções para o seu sofrido povo. Sim, até ao ponto de receber daquele presidente americano a alcunha de “o cara”! Luis Inácio , ao longo de oito anos subseqüentes na condição de presidente do Brasil, foi um sonhador que usou do sono de grande parte dos brasileiros para assemelhar-se a um administrador “sensivelmente preocupado com a exploração capitalista sobre o operariado”, ao ponto de supor-se absoluto e imbatível na manipulação de massas de trabalhadores. Antes de quase empossado ministro da Casa Civil no baldado governo Dilma e o que poderia momentaneamente salva-lo da prisão, Luis Inácio empregou muito mais gente do que o razoavelmente necessário em seus dois mandatos e durante os quais, sabe-se, a cada dia dava um tiro no próprio pé. Com a sua anunciada candidatura e uma sonhada vitória nas urnas, aquela velha e malfadada trupe se enxerga jubilosa diante da perspectiva de retornar engalanada e exultante à Brasília, para dar continuidade aos seus antigos e pessoais projetos de fazer deste país uma Cuba ou uma Venezuela tupiniquim. “Uma” tragédia anunciada da parte de quem, um dia, com cota de patrocínio oferecida por uma grande e muito conhecida construtora – investigada da “Operação Lava Jato”, fez produzir a sua autobiografia em um filme que tinha a clara e única intenção de elevá-lo ao patamar de “exótico revolucionário”, um invocador poético na luta pelos direitos trabalhistas de um povo sofredor, um ícone por excelência dos movimentos de esquerda e com chances de concorrer a alguma honrosa premiação pela Academia Hollywoodiana de artes cinematográficas, quiça o “Oscar” na categoria “ficção”. Ora, convenhamos! O petismo não é e nunca foi um dogma intocável; no Brasil após PT creio não haver mais um consenso entre a maioria dos eleitores que aponte Luis Inácio como o próximo presidente da nossa pátria amada. É preciso que faça-se um retrospecto da história petista nos períodos que Lula e Dilma ocuparam o trono do Alvorada e de maneira a julgá-los sóbria e sabiamente; em síntese, deixar que caiam os galhos secos e observar se a sobra pode produzir algo que preste e sem (mais) qualquer prejuízo de quem deve ou deveria servir-se dos seus frutos. A imprevisibilidade política de milhões de brasileiros que acham-se cidadãos unicamente no momento do voto é perigosa e pode, sim, ser ratificada se analisada a partir da sua sensibilidade em aceitar ser adocicada com bolsas cestas, moradias populares de baixa qualidade e cestas básicas distribuídas por meio de uma estratégia jamais ousada em toda história contemporânea tupiniquim, de maneira a não obstar os intentos petistas e entre os quais está a sua perpetuação no poder! Por outro lado observa-se que a ideologia lulista parece ainda mais longe de perder a sua influencia, ao querer continuar assumindo lugar de primeiro relevo, devido a estratégias que têm por objetivo a manipulação, inclusive, de jovens estudantes (futuros eleitores) e mesmo a partir das salas de aula! Enfim, não há como querer para o nosso país um governo cujo presidente sempre partiu da premissa de que a maioria dos brasileiros é comparável a uma máquina que, diante de cada estímulo, reage de maneira intuitiva e mecanicista. Felizmente ainda há eleitores que hoje discernem muito mais facilmente o essencial da sua importância política; libertam-se sempre mais e por isso interagem mais profundamente com muito daquilo que pode livrá-los de opiniões, julgamentos e reflexões a partir de quem tenciona aprisioná-los por meio de teorias que já revelaram-se fracassadas. Como brasileiro e eleitor eu temo, sim, por mais quatro anos pós-Bolsonaro e unicamente em função de estarmos estupefatos diante da escassez de nomes que possam honrar a nossa população, o nosso chão e o Palácio do Planalto.
*Agente Social – Uberlândia-MG