Antônio Pereira*
Antes da construção do mercado municipal, carnes, leite, verduras e frutas eram vendidos em carroças, cestas, balaios ou bacias levadas na cabeça.
A primeira tentativa de concentrar a venda desses produtos num espaço único foi da Câmara Municipal, em 1923. O prefeito (agente executivo) era Eduardo Marquez. Foi criada uma Lei que autorizava a construção de um mercado. Mas nada se fez. Em 1939, o prefeito Vasco Giffoni (1937/42), nomeado pelo interventor mineiro, solicitou à Secretaria Estadual de Viação e Obras um projeto para a construção do Mercado.
Não sei se veio. Sei que o prefeito criou um Mercado Emergencial, instalado à rua Santos Dumont, 383, entre as avenidas Afonso Pena e João Pinheiro e fez a sua inauguração a 6 de dezembro de 1942. Falou, na festa, o consultor jurídico da prefeitura, dr. Abelardo Pena.
Um novo mercado foi inaugurado em 1944 pelo prefeito também nomeado Vasconcelos Costa (1942 a 1945). É o que está lá até hoje.
Como era esse Mercado? Ele só possuía aquele corpo central, mais vistoso, com escadas, voltado para a rua Olegário Maciel. O terreno ia até as margens do córrego Cajubá que passava onde depois se abriu a avenida Getúlio Vargas. Poderia ter sido construído lá em baixo, só que, naquele tempo, antes da urbanização da avenida, as enchentes do Cajubá subiam até metro e meio e isso criaria problemas para vendedores e compradores.
Depois do Vasconcelos Costa, o prefeito que retomou as obras do Mercado foi Tubal Vilela da Silva (1951/55), que terminou a canalização do córrego e iniciou a construção da parte baixa voltada para a nova avenida. Tubal Vilela instalou no prédio uma escola de música para o provimento da Banda Municipal cujo primeiro maestro foi o João Clemente de Oliveira, mais conhecido por Barraca. As partes altas do mercado também abrigaram a Associação de Aposentados e a UESU. Nessa época, Geraldo Queiroz fez pinturas nas paredes referindo-se à produção das mercadorias ali vendidas.
A conclusão dessas obras foi realizada por Geraldo Ladeira (1959/62) que construiu os cômodos internos da parte nova que foram ocupados por açougueiros e banheiros públicos. Os açougueiros se comprometeram a cobrar 5 cruzeiros a menos por quilo de carne.
As ampliações feitas por Tubal Vilela e Geraldo Ladeira não possuem afinidade arquitetônica com a peça original.
No começo, o Mercado deveria vender produtos hortifrutigranjeiros. Depois houve uma descaraterização que felizmente foi afastada e o Mercado passou a comerciar apenas com produtos artesanais típicos da região.
Nos fins da década de 1971, com a abertura do Ceasa, vários produtos, principalmente os frescos deixaram de ser comercializados lá.
O Comphac também contribuiu bastante para a recuperação de seus objetivos originais acrescidos de atividades culturais e alimentares típicas.
Num dos governos de Virgílio Galassi e de Paulo Ferolla houve uma revitalização do espaço com a recuperação das pinturas do Geraldo de Queiroz que tinham sido encobertas pelas reformas que se fizeram e o uso do espaço para fins culturais. (Fonte: jornais de época).
*Jornalista e escritor – Uberlândia – MG