Marília Alves Cunha *
Brincadeirinha, é claro … Como poderia ser séria uma CPI comandada por Aziz, Renan Calheiros e Randolfe? Como pode ser séria uma CPI que, antes mesmo de começar já tinha pronto o relatório final, a ser apresentado por um senador que, justiça fosse feita em tempo hábil e prá valer, não seria mais senador, muito menos o relator de uma CPI. Os abusos e erros cometidos pela turma do “Bolsonaro tem que sair, nem que seja no tapetão” já passam dos limites toleráveis, mas continuam a acontecer dia a dia nesta novela burlesca que transforma o Senado em instituição digna do desapreço de todos os brasileiros. Uma pena! Não queríamos nada disto, mas é isto que conseguimos, elegendo pessoas com falta absoluta de dignidade para ocupar tão elevado e importante cargo.
Assistí dia desses um pronunciamento da Dra. Mayra Pinheiro, diploma de médica não só, mas sempre presente nos assuntos de sua profissão e de uma competência e seriedade inatacáveis. Uma pessoa que, como ela mesmo diz, dedica todo seu tempo à medicina e o faz com disposição total de trabalhar em função do seu próximo e de seu país. É impressionante o seu relato de como a CPI a tem tratado até os dias de hoje, mesmo depois de seu comparecimento perante a Comissão e seu depoimento eivado de verdades. Conta ela: foram ao seu local de trabalho em Brasília, esmiuçar sobre sua vida profissional, foram ao Ceará, buscar noticias sobre seu trabalho de médico nesse estado, sua função como professora na Universidade, catar informações que pudessem manchar sua figura, que a pudessem desqualificar. Agem fora do quadrado da CPI,
Quebrado o seu sigilo e entregues á CPI todos os documentos solicitados para que sua vida fosse vasculhada, viu os mesmos serem vazados para a imprensa, Rede Globo e etc. Documentos que foram entregues por ordem do STF, com a condição de que a CPI os guardasse com total responsabilidade e sem vazamentos até o fim dos trabalhos da mesma. Recorreu a doutora ao STF, pelo crime cometido contra ela, pelo desrespeito a sua pessoa e atitude criminosa da famigerada Comissão de Inquérito. O SR. Aziz respondeu cinicamente, como é de seu feitio: fica difícil resguardar documentos que passam pela mão de muitas pessoas, é impossível, não há como não vazar, é assim mesmo, não é culpa de ninguém … Não pode honrar compromissos, não os fizesse. Mas assim agem os membros deste circo.
Disse a doutora, com muita razão, que o crime dela deve ser o fato de trabalhar para o governo Bolsonaro. Pediu providências ao STF através de seus advogados e espera que sejam atendidos como medidas cabíveis com a devida presteza e justiça, pois é vítima de um crime. Vamos assistir aos próximos capítulos desta novela rocambolesca e ver a STF perante uma desobediência do Sr. Omar Aziz à determinação da Suprema Corte. Nenhuma instituição tem o direito de sair por aí desrespeitando as pessoas, seus direitos, sua liberdade de agir e pensar, sua intimidade. Principalmente uma CPI que mostra, a cada momento, sua irresponsabilidade, falta de seriedade e o descaso pela honra do Senado, tão mal representado naquela conjuntura.
* Educadora e escritora – Uberlândia – MG