Gustavo Hoffay*
A resposta dos ministros Fux e Barroso , às declarações de Bolsonaro quanto a suspender as eleições do próximo ano caso não haja o voto impresso, foi um “tiro” na arrogância de um presidente que vem achando-se a ultima bolacha do pacote. Votei em Bolsonaro, sim; apoiei e continuo apoiando muitas das suas decisões mas não posso, definitivamente, coadunar-me com os impulsos irrequietos do seu temperamento que, não poucas vezes, assemelha-se a de um animal selvagem e acuado. Os ímpetos vocativos e absurdos do atual ocupante do trono palaciano contagiam, apaixonadamente, milhões de seus apoiadores e que, excitados e em meio a “motociatas” , passeatas e carretas pelos quatro cantos do país, propugnam o retorno de um progresso baseado numa ordem que é unicamente a que dele deriva-se . Praticante de funções que parecem não fugir daquilo que espera-se de um presidente da república ou seja, fazendo nada mais do que é o esperado de um chefe de Estado, Bolsonaro engalana-se e aparentemente faz o tipo de presidente ideal para uma massa admiravelmente impetuosa, remoída em pensamentos e lembranças de um passado recente inglório e desejosa de forjar uma vingança, em saborear uma desforra contra uma quadrilha que durante anos esbanjou o dinheiro público e enquanto usando um crachá com o escudo da nossa República. O que digo não foge um milímetro de uma base real, de uma obviedade que desponta aos olhos de qualquer observador tupiniquim e que, em sonhos ( ou pesadelos?), já começo a pintar com cores vibrantes e tão vivas que logo parecem estar no meio de uma grande fogueira! Bolsonaro, ao contrário da grande maioria dos seus eleitores, dá a impressão de forjar planos enquanto exerce ataques, costura com precisão cirúrgica a defesa do seu mandato e a sua candidatura à reeleição , principalmente através de palavras que têm uma força muito grande no sentimento popular, pois não lhe é desconhecido o poder inibidor das palavras proferidas por um chefe-de-estado e que é classificado por muitos como o “messias”, embora o seja de nome mas não de fato. Tido por fofoqueiro, caluniador e causador de tumultos pelo ministro Fux, Bolsonaro é aluno da escola de onde Trump foi “expulso” e em seu coração parece vicejar o ódio contra uma conspiração fantasiosamente criada (por ele mesmo) para derrubá-lo. Muito embora eu seja um admirador de algumas das suas ações, não consigo furtar-me da impressão de que o nosso descombussolado presidente procura intimidar os seus opositores através de uma cólera intelectiva. Mister se faz por freios às suas energias naquele sentido e que colocam em reboliço uma massa ativa e impulsiva. Bolsonaro não precisaria agir como a uma pessoa encantoada e a jogar pedras em todas as direções; basta que comporte-se como a um chefe de estado democrático, seguro de suas ações e enquanto prudente em suas palavras, não com uma impetuosidade que já se tornou a sua marca registrada e que se alastra como fogo morro acima ou água morro abaixo. Caro presidente, acalme-se; vigie os seus pensamentos, meça as suas palavras, evite ser o motivo de aglomerações vãs e que terminam por excitar e torná-lo sobremodo arrogante e irritadiço. Apenas governe, procure tornar preciosa e doce uma cruz sobremaneira amarga e pare de procurar chifres em cabeça de cavalos. Governe, Bolsonaro, governe!
*Agente Social – Uberlândia-MG