Ivan Santos – Jornalista

O capitão Mito Bolsonaro compareceu à Polícia Federal na última sexta-feira para prestar declarações sobre várias indagações, inclusive tentativa de promover um golpe de Estado para permanecer no poder mesmo depois de ter perdido a eleição. Quinta-feira, na Polícia Federal, o Mito, orientado por seus advogados, entrou mudo e saiu calado.
Neste momento o Capitão não é candidato a nada. Não apresentou nenhum programa de interesse do povo para ser defendido no Congresso pelo Partido dele, o PL. Por decisão do TSE ele está inelegível até 2030. O Mito hoje é um cidadão comum sem poder deliberar sobre recursos públicos em favor do povo do Brasil. Mesmo sem nenhum poder, o Mito convocou um ato público para domingo próximo, na Avenida Paulista, para ele se defender diante de uma massa popular que o apoia incondicionalmente. Pura politicagem de um politiqueiro da politicagem.
Depois de falar o que sempre falou ao povo, o Mito vai sair do comício cantando loas e distribuindo imagens nas redes sociais. Pra quê? Pra nada! Nada vai mudar porque o Mito, neste momento, não tem poder para mudar nada.
Se o Mito sente necessidade de se defender de alguma acusação contra ele, o local para exercer a defesa não é um comício atemporal na Avenida Paulista. É a Justiça. O Mito sabe que depois do comício nada vai mudar. Se o Mistério Público o acusa de alguma coisa e a Justiça aceita a representação contra ele, o local para ele se defender é o Tribunal de Justiça e não diante da Tigrada que o apoia.
Bolsonaro vive numa democracia. Se ele não é responsável por um malfeito, deve se defender na Justiça por um processo legal e, se provar que é inocente, poderá recuperar seu direito político e se candidatar ao posto que quiser. Se puder ser candidato a presidente em 2026 e for eleito, assumirá a chefia do governo pela vontade do povo. Se continuar a defender temas da direita radical e louvar os algozes da ditadura passada o povo que o eleger que o suporte. O Mito, acusado de ter praticado malfeitos, tem o direito de se defender na Justiça até a última instância. Se procurar se defender nas ruas diante de uma plateia de apoiadores vai levar nada a lugar nenhum.