Ivan Santos – Jornalista

Inconformados com a política liberal do presidente Javier Milei que reduz benefícios sociais e congela aposentadorias e pensões para pagar juros aos bancos os bispos da Igreja Católica da Argentina denunciaram ontem o que para eles são injustiças do governo argentino.
Reunidos, os bispos elaboraram um documento-denúncia que enviaram ao Papa Francisco, que é argentino. A críticas dos bispos ao reajuste fiscal de Milei que castiga os pobres e deixa os ricos sem serem molestados, criou uma tensa relação entre a Igreja Católica e o governo da República.
Quem está fora e longe como quem mora no Brasil, não tem muitas informações para bem avaliar os primeiros 100 dias do governo liberal de Javier Milei, mas é possível constatar que a situação do governante de lá não é risonha nem franca.
A Conferência Episcopal Argentina publicou ontem um duro diagnóstico dos primeiros dois meses do governo do Senhor Javier Milei e no documento não há palavras de aprovação. Somente críticas e avaliações negativas. Os observadores políticos não escondem que o reajuste fiscal pretendido por Milei e a pretendida dolarização da economia prometida na campanha eleitoral podem fracassar. Foi nada além de uma promessa eleitoral sem viabilidade de ser cumprida porque o relacionamento do presidente com o Congresso vai de mal a pior.
O liberal presidente da Argentina enfrenta neste momento uma guerra de poderes com choques violentos com a esquerda, o feminismo liderado por mulheres e as relações com os caciques políticos no Poder Legislativo. Nos primeiros dias o presidente Milei tem demonstrado que não tem habilidade para articular ações políticas numa democracia.
Milei tem dito que na Argentina não há lugar para déficit fiscal. No entanto, ele quer juntar dinheiro para pagar juros aos bancos, com o congelamento de salários, aposentadorias e pensões. Isto num país com inflação acima de 250% é um duro sacrifício para todos os assalariados. Há quem espere uma reação violenta dos sindicatos de trabalhadores da Argentina para os próximos dias.
O governo Milei, nos primeiros dias, parece perdido numa encruzilhada em noite escura de lua cheia.