Marília Alves Cunha – Educadora e escritora – Uberlândia – MG
Há segundas feiras com ares de otimismo e esperança, coração da gente querendo sentir que ventos de bem-aventurança bafejam por aqui. Que qualquer dia desses voltaremos a cantar ”é proibido proibir”, que a censura não voltará a fazer morada neste país, que nos alegraremos com uma anistia ampla, geral e irrestrita para todos os presos políticos que padecem de prisão ou exílio. Que a nossa poderosa imprensa se aterá à verdade dos fatos e que estará ao lado do Brasil. Que as eleições, claras e transparentes, continuarão a ser um marco da democracia.
Nestas segundas feiras a gente acredita que os nossos políticos, o nosso Congresso Nacional ficará imbuído do seu verdadeiro papel e colocará o país e seu povo acima dos interesses e vaidades pessoais. Será o fim das animosidades irracionais e inconsequentes, o fim merecido de políticos pálidos e engravatados em eterno cochicho, num estelionato eleitoral de quem tudo promete e nada faz.
Segundas benditas feiras, Constituição encapada de verde/amarelo, borracha apagando todos os assentamentos que tiram dela seu poder, rebaixando-a a sua expressão mais simples, meras opiniões pessoais… Afrontá-la nunca – disse um dia Ulisses Guimarães, de grata lembrança.
Segundas e mais segundas feiras que mostrarão um poder executivo renovado, coalhado de boas ideias, preparado para resolver problemas e não aprofundá-los. O Estado é uma entidade a serviço do povo e a ele, o povo, deve prestar satisfação. A ele, o povo, deve respeitar e apoiar nas suas dificuldades e nos seus propósitos.
Segundas feiras benditas, cheguem logo. Queremos fazer o certo – nem Xandão, nem Carminha – queremos o simples, lógico e liquido: que a Corte seja suprema e seus ministros sejam excelências, com nome próprio e completo, grandiosos em matéria de justiça. Que, como guardiões, façam cumprir a lei maior, tão clara e compreensível. Que julguem com extrema sobriedade o que lhes compete julgar, sem peias políticas ou quaisquer outras peias.
Que a oposição exista sempre e que não continue a seguir o manual que ensina “ como destruir as forças vivas de um país e implantar regimes autoritários”. A experiência mostra que não dá certo. Insulta-nos qualquer tentativa de criar um país sombrio e onde falte liberdade. Países que sobrevivem à custa do medo e da opressão de seu povo. Fácil comparar um lado e outro do muro, um lado e outro da fronteira que separa o norte do sul…
Venham segundas feiras onde a palavra corrupção seja definitivamente varrida de nossas preocupações. Que cause vergonha, que manche por completo e até o fim dos dias o nome de quem a ela aderir. Está sendo difícil livrar-se do monstro: quando pensamos que o mal foi debelado e que poderemos ter paz, luzinhas vermelhas começam a piscar e cortam os ares aqueles sons típicos de perigo. Aguentar de novo, quem há de?
Vamos lutar corajosamente por estas segundas feiras, benditas segundas feiras. E pra que deixar que tudo se acabe na terça feira? Tristeza tem fim, queremos felicidade sim! E paz! Para todo o sempre!