Marília Alves Cunha – Educadora e escritora – Uberlândia – MG
Faço severas críticas aos parlamentares brasileiros em geral. Grande parcela do povo faz hoje estas críticas. Principalmente aos que se assentam nas cadeiras do Senado (que hoje em dia mais se parece a uma tumba), ocupam lugares por anos e anos apesar do rastro de corrupção que deixam na caminhada e continuam imperando. Principalmente em estados onde é flagrante o baixo índice de desenvolvimento humano e vigora o clientelismo, favorecendo aquela condição.
Não faço grandes distinções. Extrema esquerda, esquerda e direita abrigam um naipe de pessoas totalmente indignas de ocuparem cadeiras no Congresso. Os grandes estados também incorrem em erros e um exemplo disto é a nossa Minas Gerais. No afã de afastar Dilma Roussef (constitucionalmente inelegível, tornada elegível), candidata ao Senado por uma manobra ligeira de última hora, elegemos o opositor Rodrigo Pacheco. Pecado mortal! Minas, terra de notáveis políticos e tradicionalmente notória como baluarte em defesa da moralidade e seriedade no campo político, julgou erradamente a pessoa do ilustre senhor. Colocamos na presidência do Congresso um vassalo de outros poderes.
Sinceramente, considero injusto, extremamente parcial fazer críticas apenas aos congressistas da direita e tratar os da esquerda como se santos fossem. Há senadores e deputados de todos os níveis intelectuais, morais e sociais compondo esta gama que compõe o congresso nacional. Uma boa reforma política (que acredito, nunca virá) daria fim a um bom número deles e nos livraria de ter de arcar com as consequências desastrosas de escolhas e imposições legais também desastrosas.
Temos um Congresso que, parece, está disposto a sacrificar muito as contas públicas, já nos últimos suspiros e também os interesses nacionais, para manter acesa esta troca de favores entre executivo e legislativo. Transformaram as negociações com o governo num balcão de negócios, reforçando o célebre “é dando que se recebe”… (As poucas e honrosas exceções peço desculpas). E o que também fica difícil de entender é esta resistência da esquerda e do famoso Centrão às urnas auditáveis. Por que não aceitar o que é bom e honesto para a democracia, para a transparência e clareza do processo eleitoral, dissipando quaisquer dúvidas que pesem sobre o resultado?
Quanto ao governo federal está se transformando em realidade o que prevíamos, desde a etapa de transição entre os governos Bolsonaro/Lula. A equipe de transição de Lula contava com 283 pessoas, a maior já nomeada no Brasil. O time acomodava ex-ministros, aliados derrotados, celebridades, quatro vezes mais que o time do governo que se despedia. Em seguida veio o festival dos ministérios e a necessidade premente de aparelhar o estado brasileiro… Não deu certo, evidentemente!
É preciso ter cuidado ao escolher e votar em candidatos a qualquer cargo público. Política é coisa séria. A nossa vida diária é dependente de decisões tomadas no campo político. Também não adianta querer parecer que os eleitores de esquerda (ou de extrema, palavra que gostam de usar) são melhores que os de direita. Temos todos muito a aprender, estamos apenas no “beaba” de processos que vão induzir ou não, a um país mais desenvolvido e a uma nação mais saudável e consciente de seus direitos e deveres, uma nação mais respeitável e encarada com mais seriedade por parte da classe política.