O MAJOR MOTORISTA

Antonios Pereira – Jonalista e escritor – Uberlândia – MG

Certa feita fomos convidados pelo Celso Machado da ABC-Propaganda para compormos uma comissão julgadora de Festival de Música Sertaneja que estava acontecendo na Pousada do Rio Quente. Éramos o jornalista Luiz Fernando Quirino, o major do Exército Osmar Vaz de Melo, mais conhecido como “Maninho”, e eu.
Ficamos até o final das apresentações, demos nosso veredicto e devíamos pousar lá, mas o Quirino queria vir embora. Concordamos em voltar com ele e os organizadores da festa contrataram um táxi para nos trazer.
Vínhamos tranquilamente quando o Maninho percebeu que o taxista estava cambaleante, morrendo de sono. Tocou no seu ombro e ofereceu-se para levar o carro enquanto ele descansava. O motorista aceitou, passou para o lado e puxou aquela soneca gostosa.
Vínhamos tocando.
Entramos em Morrinhos. Na saída, um policial rodoviário interceptou-nos. O major encostou o carro e aguardou.
– Documentos.
O Maninho puxou dos seus papéis e apresentou-os. O soldado arregalou os olhos, olhou-o bem, olhou a plaquinha luminosa do táxi, perfilou-se, apresentou-se e perguntou:
– O senhor é Major do Exército?
– Sim, senhor, respondeu o Maninho.
O soldado surpreso, ficou um tanto calado, olhou para o Maninho e comentou sério:
– Puxa, major, as coisas por lá também não tão muito boa, não, hein?
Bom, daí o Maninho explicou que o motorista estava roncando ali de lado, que as coisas não estavam assim tão pretas…
– Ah! Bom…
Devolveu-lhe os documentos e tocamos em frente.

AGORA, AO TRABALHO!

Gustavo Hoffay*

Foram-se as eleições e, além da aguardada paz e do silencio decorrentes do fim de campanhas que apelavam para estridentes alto-falantes, além de outros incomodantes assédios realizados em proveito único de candidatos diversos, agora é chegado o momento de (mais) reflexões e expectativas acerca do que teremos pela frente quanto à administração deste município. Passamos por fases distintas, principalmente no decorrer dos trinta dias que antecederam as eleições. Uma delas foi o já tradicional e infeliz período de acusações e comportamentos indevidos e que surgiram de ( e para quase ) todos os lados, o que causou grande espanto e frustrações entre uma considerável parcela de eleitores. Sim, um tsunami de ataques que infelizmente embotou a divulgação de propostas e programas para o desenvolvimento desse município e as soluções para grandes problemas que, muito infelizmente, ainda insistem em enervar uma considerável parcela da população desta que é a segunda maior cidade do segundo maior estado brasileiro – a nível de arrecadação de tributos diversos. Ao contrário de aproveitarem do seu tempo durante o horário gratuito de propaganda eleitoral, para buscarem de maneira positiva e gloriosa a conquista dos preciosos votos, o que vimos foram candidatos que preferiram enveredar pelos soturnos caminhos de julgamentos morais desfavoráveis em relação aos seus concorrentes, muito provavelmente pela escassez de pontos positivos que poderiam ter citado sobre si mesmos. Mas o lado bom desse viés foi o fato de que ocorrências que estariam ocultas ou mal explicadas vieram à tona, trazendo em seu rastro a ilusão ( ou a esperança) de que um tsunami moralizador possa ser lançado sobre a Câmara de Uberlândia, talvez ocupando corações e mentes diversos; sugeria-nos que tais acusações serviriam para expurgar a nossa sociedade de alguns políticos , tais aqueles vereadores que em passado recente infestaram a Câmara Municipal de Uberlândia e terminaram sendo expurgados ou melhor, encaminhados para o presídio Jacy de Assis, durante as operações denominadas “Má Impressão” e “ Poderoso Chefão”. Teríamos então, a partir da recente eleição, pessoas melhores capacitadas ocupando os cargos diretivos deste glorioso município. Diante do recente quadro de acusações e que rechearam as campanhas de um e outro candidato, houve quem aplaudisse a revelação de escândalos e mesmo alguns outros tumores que foram duramente lancetados. Depois veio a segunda fase das campanhas: a queda na real! Quaisquer que fossem as acusações e não poucas delas caindo ou sendo retomadas, restaram apenas aquelas que nenhum perigo representavam aos candidatos perante o corpo de jurados ou melhor: eleitores! Muito raramente, em toda a minha vida de votante, assisti em acusações contra candidatos políticos diversos, qualquer intuito honesto e sincero de tentativas de desmoralização da política mas, sim, algo como a uma briga pessoal e de foice, onde (quase) tudo era válido, até sucessivas ocorrências de cobiça que tentavam denegrir a honra de adversários. Em Uberlândia vi, sim, em algum e outro candidato, algo parecido a tratoristas eleitoreiros que, na sanha de se elegerem, não importavam quantos feridos ou ruínas ficassem pelo caminho. Resta agora rezarmos para que o povo uberlandense tenha sido de fato consciente no exato momento do voto e ciente de que esse não lhe pertence mas, sim, à coletividade da qual ele é partícipe. Agora, senhores vencedores….. ao trabalho e que, de acordo com ao menos algumas das mirabolantes promessas anunciadas durante as suas respectivas campanhas, estejamos todos aptos a viver na Dubai tupiniquim: mais creches, mais educação, melhor trânsito, mais segurança, mais escolas, mais saúde, mais oportunidades profissionais para todos, mais, mais, mais…..! Sim, conclamo a todos que, indiferente da pessoa que em breve vier a ocupar o trono do Palácio Administrativo, continuemos a viver em prol das nossas ilusões, enquanto criando relações e pensamentos que sirvam como a bálsamos para muito daquilo que está por vir e possa não ser do nosso agrado.

*Agente Social

Doenças e mais doenças

Ana Maria Coelho Carvalho – Bióloga – Uberlândia – MG

É impressionante como as pessoas adoram falar de suas doenças. Daquelas que têm, das que imaginam ter e das que estão se preparando para ter. Dor de cabeça, de dente, de ouvido, de barriga, no peito. Até dor de cotovelo. Sem falar nas competições para saber quem teve mais pedras nos rins ou na vesícula biliar.

Só para exemplificar: dia destes estava eu caminhando feliz na piscina de um clube. Uma conhecida passou a caminhar comigo e relatou minuciosamente os seus problemas com o joelho: a operação, as dores, a fisioterapia. Depois encontrei outra, que contou em detalhes seus suplícios com a coluna. As duas estavam caminhando na água para melhorar. Por último, uma contou os seus dramas da menopausa: vontade de chorar, nervosismo, insônia, ondas de calor. Estava na piscina para refrescar, revoltada porque ninguém tinha avisado a ela que passaria por tudo aquilo. Saí da piscina com dor de cabeça. Por pouco não saí também com dor no joelho, dor na coluna e ondas de calor, pois a mente humana pode ser influenciada e passar a sentir o que está ouvindo ou vendo, como na comédia “Apertem os cintos que o piloto sumiu”. Nesse filme, os passageiros do avião comeram peixe estragado na comida de bordo e o médico começou a descrever, para o comandante, todos os sintomas que apareceriam nos passageiros: coceira, cegueira, espasmos musculares, vômitos e por fim a morte. O comandante, que nem tinha comido peixe, foi ouvindo e sentindo tudo, até que caiu morto na cabine. E o avião também quase caiu.

Imaginem como as pessoas devem contar suas doenças para os médicos… De acordo com meu filho médico, alguns, por exemplo, se vão relatar uma indigestão, começam desde o convite para a festa, a festa em si e a comilança, até chegar aos sintomas. Também há respostas vagas sobre onde e como dói: “ah, doutor, dói muito, dói tudo”. “Ah, é uma dor doída”.

Mas de todas as descrições de doenças que já ouvi ao longo da vida, a que mais me impressionou e chocou foi a do meu irmão. Relatou-me em estilo trágico- cômico o problema da sua hérnia, com as seguintes palavras: – “A minha hérnia estava com um carocinho evidente e procurei um cirurgião. Voltei para casa me arrastando, dormi e sonhei que a hérnia tinha explodido e os pedacinhos colaram na parede, com o sangue saindo de dentro de mim. Agora ando assim, com minhas tripas saltando para fora, pelo peritônio rompido. A hérnia pode ficar saindo e voltando, até o dia em que não volte mais e terei que ser operado com urgência. Poderá ser com o bisturi tradicional, como no tempo da Cleópatra, Roma e Marco Antônio, ou por laparoscopia. A anestesia é geral e se eu morrer ou entrar em coma, problema meu . Aliás, sabia que existem seis tipos de coma, uma palavra grega, que é a mesma palavra em todas as línguas, inclusive chinês e japonês, pode isso?

O cirurgião explicou que minha hérnia pode ir descendo e se transformar em hérnia escrotal. Daí pensei que só o suicídio poderia resolver isso. Acho que vou preferir o Haraquiri, aquele praticado no Japão, e cortar bem em cima desta bendita hérnia . Só para esclarecer, o Haraquiri é um golpe só, do lado esquerdo para o direito, feito com a mão direita e com o punhal da família, que sempre tem mais de 1000 anos. Enquanto decido se opero ou não, posso dar um espirro mal dado e minha “Hérnia Ingnal Unilateral em Túnel” pode ir parar no saco escrotal. E eu aqui sozinho, sozinho, neste apartamento. Vou avisar ao zelador do prédio para ir ao hospital buscar o corpo, se eles, o cirurgião e a equipe, me abotoarem”.

Cruzes, espero não ouvir mais relatos como esse.

Vencedores e Vencidos

Passadas as eleições – a aguardada e prestigiada festa da democracia – eleitos e derrotados já estão a esbarrar-se em corredores, salas e gabinetes da Câmara e o que, sabemos, termina registrando um dos quadros mais pitorescos e expressivos da vida parlamentar municipal. Reencontram-se após a refrega do pleito ao toque de reuni-los; junto aos seus antigos assessores os parlamentares exonerados despedem-se e os novos escolhidos já estão na expectativa de assumirem os referidos e cobiçados cargos em seus respectivos e futuros gabinetes. É uma estranha, digamos, policromia de personagens e que, talvez, dê ensejo a um interessante romance; uma legião de preferidos e de todos os tipos a ocuparem os tais cargos de “confiança”. Hoje qualquer cidadão que, mesmo por poucas vezes, já tenha freqüentado o hall e alguns dos gabinetes da Câmara uberlandense, logo à primeira vista toma conhecimento de quem ganhou e de quem perdeu. Os vitoriosos, com os seus respectivos séquitos de bajuladores são loquazes e, com requintes de detalhes, explicam a Deus e a todos, detalhadamente, como empenharam-se durante as suas respectivas e sacrificantes campanhas eleitorais. E haja platéia para ouvi-los! Os estreantes ou calouros, naturalmente radiantes diante das suas novas e nobilíssimas funções, jactuam-se ingenuamente da luta para chegar até ali e, em altos brados ,anunciam que não fosse a sua insistência e o seu poder de persuasão durante o périplo eleitoreiro que empreenderam durante a caça aos votos, certamente estariam fulminados e ao mesmo tempo que enumeram, repetidamente e com rara precisão matemática, a quantidade de votos que receberam em cada região desta metrópole. Alguns dos eleitos, mais afoitos, chegam mesmo a exagerar: nos corredores da Câmara agarram alguém pelo braço e o levam a um cantos, onde anunciam-lhe a quantidade de votos registrados em seu nome e precisamente em cada seção de cada zona eleitoral da Grande Udi. E quem perdeu as eleições, principalmente se gastou o que tinha e até o que não tinha para tentar eleger-se? Dignos de piedade curtem a tristeza isolados em casa ou até bem longe dali e mesmo do bairro onde residem; imaginam não reaparecer tão logo na Câmara e sequer para assinar recibos dos últimos subsídios que lhes foram pontualmente pagos. Alguns, expressando uma timidez que não era-lhes característica, aos poucos vão surgindo e esgueirando-se pelos corredores daquela casa e rapidamente trocam tímidos acenos com alguns contínuos, fingindo iludirem a si mesmos. Por outro lado já tive a oportunidade de assistir candidatos derrotados expressando clara rebeldia, revoltados e inconformados: – “Vergonhoso”! “Houve compra de votos”! “A eleição mais fraudulenta da história”! “Urnas infectadas”! “Um deprimente espetáculo de democracia”! Quando não, culpam os partidos pelos quais disputaram as eleições: -“A continuar o atual diretório, jamais irão conseguir eleger sequer um candidato”! A Câmara dos Vereadores depois das eleições, torna-se um palco iluminado! Ali, sim, o palco da “vaudeville” dos eleitos e a pungente tragédia dos derrotados. Termino essas linhas lembrando de alguns que não tiveram a sorte de eleger-se e que custam a morrer política e provisoriamente. Quando menos se espera, eis que lá aparecem eles ….. fagueiros e rindo à toa. Depois de um breve período após a consumação da derrota nas urnas e de terem definhado e estrebuchado , eis que alguns deles surgem lépidos e sorridentes ocupando algum “cargo de confiança” na prefeitura municipal, depois de apadrinhados e nomeados pelo “sistema” vencedor. Enfim, políticos não morrem; estão sempre por aí sassaricando e prestigiando ou desafiando a ordem e as autoridades constituídas, pois eles têm fôlego de gato ou seja: logo recuperam-se e tornam à cena para, de outras vezes, novamente buscarem a chance de ocupar o topo do Olimpo do legislativo municipal.

Gustavo Hoffay
Agente Social
Uberlândia-MG

Corte de gastos

Iria Dodde – Professora – RJ

Não sou economista .Sou professora aposentada e dona de casa bem sucedida. Cortar gastos significa cortar aquilo que é despesa desnecessária. Por exemplo , privatizar ou liquidar empresas estatais deficitárias , demitir funcionários não concursados em cargos de confiança, acabar com viagens de autoridades em jatos da FAB, deixar de participar em simpósios turísticos, observar o teto salarial, acabar com privilégios nas altas esferas dos 3 poderes e em todos os níveis, reduzir o tamanho do legislativo, acabar com fundos eleitorais e emendas parlamentares e etc. Se não observar este mínimo que relatei é melhor não fazer nada. Deixa como está. E rezar

Palavras vazias

Paulo Henrique Coimbra de Oliveira – Economsta – RJ

Sandra Coutinho, repórter da Globo News , disse ,ao vivo ,o seguinte : ” é muito ruim para um país que se propõe a ser o farol da democracia no mundo, um farol a ser seguido, um exemplo de democracia, ter um presidente condenado “. O que dizer , então, do Brasil sem entrar em detalhes. A repórter perdeu uma ótima oportunidade de ficar calada. Acho que ele corre o risco de ser demitida e talvez, muito justamente, ser expulsa dos Estados Unidos.Eu, com certeza, faria isso.