CASA CAPPARELLI

Antônio Pereira – Jornalista e escritor – Uberlândia – MG

Nos começos de 1930, o comércio atacadista, em Uberlândia, era comandado por Rezende & Cia, Custódio Pereira, Teixeira Costa e alguns outros que vendiam para o Triângulo Mineiro e sudoeste goiano pelo sistema de contas-correntes. Muitas vezes, vendiam no princípio do ano e só recebiam no fim, depois da venda do gado.
Em 1939, Francisco Capparelli deixou seu emprego no Rezende & Cia e, com seus irmãos, montou sua casa própria – um pequeno varejo na avenida João Pinheiro, esquina com João Pessoa. Eram bons atacadistas dessa época, além dos já citados, Colombo Vilela, Viúva João Calixto, M. Serralha e Filho, Joaquim Fonseca, Irmãos Mendes, Casa Galiano.
Do varejo, os Capparelli passaram para um pequeno atacado para as redondezas: Martinésia, Cruzeiro dos Peixotos, Tupaciguara. Trabalhavam também com café. O atacado uberlandense já fazia o sudoeste goiano e o Triângulo. Ainda não ia a Mato Grosso, porém Nego Amâncio, caminhoneiro destemido, chegava até lá e o Teixeira Costa pegava consignações para aquela zona.
Os motoristas, nessa época, eram profissionais destemidos que assumiam a responsabilidade por seus clientes recebedores de produtos enviados daqui. Eles levavam a mercadoria, na confiança dos atacadistas, e traziam o pagamento na volta. A venda para recebimento na safra também continuava ativa, praticada pelos comerciantes em geral, porém aproximava-se do fim. A Casa Capparelli começou a usar o sistema daqueles motoristas, só vendendo para receber na volta dos caminhões. Isso, em meados da década de 1940.
As compras eram feitas a viajantes paulistas. Eles davam de 30 a 60 dias de prazo.
Capparelli começou a beneficiar sal num barracão existente à frente de sua Casa, na avenida João Pinheiro. Era o sal Famoso. Chegou a construir três galpões para trabalhar com o sal. Vendia na cidade e na linha da estrada de ferro de Goiás (Araguari até Anápolis). Naquela época, Anápolis era a boca do sertão. Capparelli vendia naquela área até 30.000 sacas. O sal Famoso pegou bem não só pela qualidade e pelo preço, mas, também, pela pesagem correta e pelo uso de tecidos de boa qualidade na embalagem. Esse tecido era usado, depois, para se fazerem roupas para a criançada. O sal bruto vinha de Mossoró até Santos por navio e, até aqui, por trem de ferro.
Depois do Nego Amâncio ter conquistado o mercado de Goiás e Mato Grosso para Uberlândia, Francisco Capparelli viajou até esses extremos, nos começos dos anos 1940 e vendeu 12 caminhões de mercadorias (aproximadamente 48 toneladas).
Nego Amâncio tirava os pedidos a troco do frete e aqui, distribuía-os pelos atacadistas. Capparelli chegou a ter clientes no norte de Mato Grosso. Chegou a ser o maior atacado da cidade cobrindo Minas Gerais, Goiás, Bahia, São Paulo (parte) e Mato Grosso. Chegou a despachar até 20 caminhões por dia. Com a criação de Brasília chegou até o Maranhão.
Seus principais produtos eram: café, açúcar, enxadas Duas Caras, facões Jacaré, soda cáustica Caveira e Giant, lima K & F importada, ferramentas, secos e molhados, bebidas e latarias.
Quando desativou, começava a crescer seu ex-cliente Casas Alô Brasil. (Fonte: Francisco Capparelli).

As lágrimas

Ana Maria Coelho Carvalho – Biógola – Uberlândia – Minas Gerais

Teoricamente, as lágrimas são formadas por líquido composto de água, sais minerais, proteínas e gordura, sendo produzidas pelas glândulas lacrimais para lubrificar e limpar os olhos. Mas as lágrimas são muito mais que isso.
Existem lágrimas de arrependimento, lágrimas de dor, lágrimas de saudade, lágrimas de alegria, lágrimas de indignação, lágrimas de amor. Lágrimas de crocodilo, as falsas. Até lágrimas artificiais, que são colírios lubrificantes para tratar a secura dos olhos. Lágrimas fingidas, produzidas, como as das artistas da TV (será que pingam colírio?). Lágrimas espontâneas e sinceras demais, que brotam em cachoeira, como no rostinho das crianças. Lágrimas quentes e silenciosas, ardentes de dor, como no rosto dos velhinhos. Lágrimas de diamante: “à noite, lágrimas de diamante; de dia, lágrimas; à noite, amantes”. Lágrimas negras, como na música de Caetano Veloso: ”lágrimas negras caem, saem, doem, são como pedras de moinho que moem, roem, moem”. Lágrimas do tempo, como escreveu Vinícius de Moraes: ”com as lágrimas do tempo e a cal do meu dia, eu fiz o cimento da minha poesia.”
O mais interessante, porém, é que as mulheres choram mais e muito mais facilmente que os homem . Dizem até que homem que é homem não chora, mas não é verdade. Os cientistas acreditam que as lágrimas representam um mecanismo desenvolvido com a evolução da espécie e que contribuem para a sua preservação, sendo uma forma de proteção da mulher, mais frágil fisicamente. Um estudo sobre isso foi publicado há tempos na revista “Science” . Cientistas colocaram cinco mulheres para assistir ao filme “O Campeão”, que conta a história de um pai amoroso prestes a perder a guarda do filho. As mulheres caíram em pranto e as lágrimas foram recolhidas. Em outra sala, estavam dezenas de homens, que não viram as mulheres chorando, para não serem influenciados por suas caras de choro. Eles cheiraram pequenos pedaços de papel molhados com as lágrimas das mulheres. A partir daí, a concentração do hormônio testosterona dos homens caiu 15%, ou seja, ficaram menos machões (assim, chorar é golpe baixo). Continuando o experimento, os homens assistiram ao filme erótico “Nove e meia semanas de amor” e ficaram bem menos excitados do que um outro grupo que não tinha cheirado as lágrimas. Os cientistas concluíram que as lágrimas femininas liberam substâncias químicas que abaixam, na hora, o nível de testosterona do homem que estiver por perto. Além de deixá-lo menos agressivo, o fato de ver uma mulher em prantos faz o homem perder a vontade de fazer sexo com ela, para primeiro saber o que está acontecendo.
A pesquisa gerou várias outras perguntas, como “o choro masculino também comunica alguma coisa?” Os cientistas acharam difícil responder a isso, pois levariam anos para conseguir as lágrimas masculinas necessárias. Dai, pensei em sugerir o nome do meu filho como cobaia, um marmanjão de meia idade que cai em prantos facilmente (mas é cabra macho). Sempre chora quando lê os meus textos, mesmo os mais engraçados. Também chora em alguns filmes, como em “Comer, Rezar, Amar”. Não gostou do filme, mas as lágrimas desceram copiosas quando o pai, o namorado brasileiro da personagem, se despediu do filho que partia para longe. Deve ter sido o único a chorar durante o filme.
Enfim, se conseguirem isolar das lágrimas femininas as substâncias químicas que influenciam os homens, pode ser que no futuro existam produtos como spray anti-agressividade masculina, quem sabe.

Para José

Tania Tavares – Professora – SP

Recordar para não esquecer, e há muito mais a acrescentar a esta carta.
PT

De um paulista para os paulistanos: Psol não é Psol, é o mesmo que PT. Guilherme Boulos não é Psol, está a serviço do PT. O mesmo PT que foi contra o Plano Real; o mesmo PT que recebeu um país em crescimento, com a inflação sob controle e chamou de herança maldita; o mesmo PT do mensalão; o mesmo PT do petrolão, o maior escândalo de corrupção da história do País; o mesmo PT do segundo pior prefeito que São Paulo já teve, Fernando Haddad (pior do que ele só Celso Pitta); o mesmo PT de Dilma Rousseff, que levou o País a um caos social, político e econômico; o mesmo PT que quase quebrou a gigante Petrobras; o mesmo PT que teve vários dos seus dirigentes presos, acusados de corrupção; o mesmo PT que afaga, endeusa e é conivente com ditaduras e ditadores sanguinários; o mesmo PT que desconhece o que foi o Holocausto, criminaliza Israel e simpatiza com o Hamas e o Hezbollah; o mesmo PT criador do nós contra eles; e o mesmo PT cujo único plano de governo, seja ele municipal, estadual ou federal, é se eternizar no poder. Ricardo Nunes pode não ser a oitava maravilha do mundo, mas do outro lado está o PT.
Luiz Gonzaga Tressoldi Saraiva – Salvador

Um dia depois de amanhã!

Autor: Rafael Moia Filho – Escritor, Acadêmico da ABLetras, Blogger, Analista Político e Graduado em Gestão Pública.

Embora as cidades brasileiras com mais de 200 mil eleitores tenham que conviver com a campanha eleitoral em seu 2º turno, todas as cidades acordarão no dia seguinte as eleições municipais em seu 1º turno com algo em comum, além da ressaca do processo eleitoral, será o fato de já terem eleito suas Câmaras Municipais.
Apesar da redução do número de vereadores em algumas cidades, ainda temos um número exagerado de políticos para supostamente atender nossas reais necessidades. Em Bauru, o número de vereadores passará de 17 para 21 cadeiras nesta próxima eleição.
Pesa muito o fato de que muitas vezes acabam passando despercebidos pela grande maioria dos eleitores, que é o comportamento dos eleitos a partir do dia seguinte à sua posse. Os vereadores tendem a se dividirem em dois blocos, os chamados de oposição ao prefeito eleito e os da chamada espúria base governista. Nós eleitores, não votamos em ninguém para ser ou não governista.
E assim eles permanecem por quatro anos no mandato, os de oposição por vezes, vetando os projetos de interesse da população por serem da situação e vice-versa. Essa prática odiosa e sem nexo favorece apenas os edis em detrimento da população que fica à mercê da sorte.
A meu ver um vereador tem a obrigação de trabalhar para o povo independente de ser ou não do mesmo partido ou coligação que elegeu o prefeito. Afinal foram eleitos pelo povo, para o povo e devem apenas obediência aos segmentos da sociedade constituídas em cada município. Que entre outras coisas banca gastos nababescos e seus vencimentos e de seus assessores. Mais do que isso, esse trabalho deveria ser voluntário, não remunerado às expensas do nosso sofrido povo.
Essa forma de separação dos vereadores demonstra a forma como as coisas vão seguir nos municípios, ou seja, aqueles que são da turminha do prefeito terão todas as benesses possíveis (cargos, correligionários apadrinhados, poder, etc.). Enquanto que os demais ficarão quatro anos à mingua sendo sistematicamente boicotados pela base governista.
E quem perde é o povo brasileiro que vê diluídas a zero suas chances de obter conquistas nas áreas sociais e de infraestrutura de suas cidades enquanto os engraçadinhos brincam de mocinho e bandido junto com o prefeito.
É claro que, temos que levar em conta a ideologia diferente dos partidos, seus programas e projetos de governo, mas é inaceitável que isso esteja acima dos interesses da população em quaisquer instâncias ou momento de seus mandatos.
O Presidente da República, os Governadores e Prefeitos são representantes de todos em suas esferas de atuação e não somente de seus eventuais eleitores, assim também deveriam ser nossos vereadores, deputados e senadores.
Mas, infelizmente o nosso processo democrático não evoluí nessa direção, tomando sempre rumos na contra mão das necessidades mais básicas da nossa população tão sofrida e desamparada. É um jogo desigual e sem quaisquer perspectivas de mudança a curto prazo.
Lembre-se sempre que “Os políticos são agentes públicos eleitos pelo nosso voto. Não devemos favores, idolatria nem nada. Fazer o que é certo é sua obrigação. Criticá-lo é parte da democracia e significa apenas nossa eventual insatisfação.

Mais descentralização, mais democracia?

Dr. Flávio de Andrade Goulart*

Aproximam-se as eleições municipais e nós no DF estaremos de fora. Um dia ainda hei de entender por que não somos um município brasileiro e sim este pseudo-estado (que não é uma coisa e nem deixa de ser a outra…). Mas vamos ao assunto do dia: descentralizar (a saúde ou outra política pública) sempre significaria trazer mais democracia ao cenário? Para começar é bom lembrar: a expressão “municipalização da saúde”, tão cara aos defensores do SUS, simplesmente NÃO faz parte Constituição, onde se fala na verdade em um termo mais aberto: descentralização. Mas de há muito a militância da saúde se apegou ao primeiro termo, chegando até mesmo a cunhar aforismos como: “todo poder aos municípios”, ou também, “municipalização é o caminho”, que entretanto precisam ser relativizados. Haveria diferenças entre uma coisa e outra? Vamos começar por uma questão básica: descentralizar se correlacionaria diretamente com democratizar? Assim como o melhor estado de saúde da população não implica, necessariamente, em se dispor de um regime democrático, também o par de conceitos democratização e descentralização não mantêm entre si uma correspondência biunívoca. Na verdade, existem dúvidas sobre a capacidade dos processos habituais de descentralização, ainda mais em um país como o Brasil, implicarem em redução real das funções (e do poder) do governo central, geralmente mais autoritárias. Pelo contrário, a experiência brasileira, mesmo no período pós-constitucional mostra, particularmente na área da saúde, visível expansão seletiva das funções do governo central, com seu fortalecimento na condução e da regulação das políticas. Como consequência, caberia indagar também se a descentralização traria condições de viabilizar mecanismos de controle sobre a ação dos governos ou se, por si só, seria um instrumento de promoção da democracia.

Não há dúvidas de que a maior aproximação entre eleitos e eleitores nas ações descentralizadas de governo é desejável, mas por outro lado isso pode também resultar em desvios clientelistas. Assim, importaria mais a natureza das instituições de prestação de serviços do que a escala de prestação dos mesmos, bem como a capacidade de governo e do controle dos cidadãos sobre suas ações. Assim, falar de descentralização implicaria em considerar associadamente a questão da natureza do federalismo brasileiro, pelas suas características de enorme autonomia – referida às vezes até mesmo como soberania – entre seus entes constituintes. Isso significa, concretamente, que em nosso país coabitam múltiplos centros de poder, gerando um complexo sistema de interdependência política e financeira entre as esferas governamentais, não-governamentais e multilaterais. Como decorrência, derivam variados caminhos na prestação de políticas públicas, com imensas disparidades entre e dentro das regiões, aspecto que não se atenuou, ao contrário se acentuou, com a redemocratização nos anos 80 e 90.

Assim, na peculiar organização federativa brasileira, cada ente se tornou fortemente autônomo, de forma que as transferências de atribuições e competências estão diretamente relacionadas às chamadas barganhas federativas, dentro de um complexo sistema político no qual persistem e até são potencializadas desigualdades estruturais e administrativas, aspectos agravados pela dimensão territorial do país.

Assim entra em cena aquela mão, não totalmente invisível, mas muitas vezes pesada, do governo central, cujos efeitos dependem, sem dúvida, também de algum cálculo dos governos locais sobre os custos e benefícios de assumir competências. Trata-se de um jogo complexo, portanto, em que vilões e vítimas às vezes se confundem.

Entender o especial federalismo tupiniquim implicaria em aprofundamento sobre aspectos íntimos do mesmo, considerando que em nosso país os processos de redemocratização e descentralização pós anos 80, derivaram em fortalecimento do poder político dos governos subnacionais, embora suas capacidades de realizar suas tarefas típicas não tenham evoluído da mesma forma. O fato é que isso não significou que os possíveis benefícios da descentralização se distribuíssem uniformemente, aspecto agravado pela vasta dimensão territorial e pelas desigualdades sociais e regionais do país.

Não é por acaso que no Brasil as relações governamentais, a autonomia local e os efeitos da descentralização variam substancialmente, com resultados dependentes das forças políticas locais. Além disso, mesmo com a descentralização financeira correndo a favor das esferas estaduais, reduziram-se as possibilidades de ajuda, seja federal ou mesmo estadual, aos governos municipais, apesar da existência dos fundos de participação, potencialmente favorecedores de um equilíbrio vertical do sistema tributário. Assim, milhares de municípios, que não sobreviveriam sem a ajuda adicional da União e dos estados, também não teriam condições de iniciar, sozinhos, esforços para a assunção de responsabilidades.

Neste aspecto, deve-se evitar um equívoco derivado do senso-comum, ou seja, de que se o Estado ou o governo não dão conta do recado, então seu oposto, ou seja, o mercado, a competição, os conselhos comunitários, as ONG etc. devem ser as alternativas substitutivas aos mesmos. Além disso, e ainda mais em um país como o Brasil, cada município é único e singular, dentro de um contexto complexo de fatores sociais, demográficos, políticos e econômicos, o que faz com que propostas de reformas nos governos locais pressuponham a identificação e a compreensão de tais fatores.

Não seria demais lembrar que no Brasil são igualmente municípios, tratados de forma equivalente pela Constituição, lugares como São Paulo, com mais de 10 milhões de habitantes e corrutelas perdidas nos vastos sertões do Norte e Centro Oeste do país, às vezes pouco ultrapassando a cifra do milhar de munícipes.

Falando em autonomia, embora a mesma constitua aspecto fundamental no debate sobre a descentralização das políticas públicas, ela ainda é questão complexa e mal resolvida no Brasil. No limite, e em termos locais, pode até mesmo resultar em uma verdadeira disfunção, o chamado neo-localismo, que representa incremento do poder oligárquico, só que agora com nova localização – o município.

Portanto, cabe indagar: de qual descentralização se fala? É preciso rejeitar, também, a dicotomia entre centralização e descentralização, pois o foco deve estar nos mecanismos de coordenação entre governos, com busca de um equilíbrio fundado na diversidade e moldada permanentemente pelos princípios contratualistas versus o tradicional viés de competição (muito mais do que cooperação) entre os entes da federação brasileira.

De fato, é grande o prejuízo que a história do SUS carrega consigo, ao insistir por décadas na afirmativa de que se deveria conferir grande “poder” (sem contrapartidas em dupla via) aos municípios, dentro de um conceito distorcido de federalismo, imerso em múltiplas e assimétricas disfunções. Por isso há certo pessimismo dos estudiosos mais sérios da questão da descentralização no Brasil, que percebem a nefasta combinação entre a demanda política por descentralização e a crise do modelo centralizado de intervenção estatal. Resultado disso seria o chamado municipalismo autárquico, resultado das mudanças tributárias pós-88, cuja marca registrada são os acordos não-cooperativos e até mesmo predatórios entre os entes federados – a chamada guerra fiscal.

É neste sentido que a simples municipalização, ainda mais em sua variedade autárquica (ou seja, carente de correlações horizontalizadas necessárias ao bom funcionamento do sistema federativo em saúde), embora seja ideia de fortes atrativos para a militância de saúde, não resolve muito dos problemas estruturais do sistema de saúde. Seria mais correto introduzir em tal equação pelo menos dois elementos, quais sejam (1) a regionalização e (2) a formação de redes federativas.

A regionalização é um processo de articulação entre os serviços que já existem, visando o comando unificado dos mesmos, que deve ser acompanhada de mecanismos de hierarquização de forma a realizar a divisão em níveis de atenção e garantir o acesso a serviços que façam parte da complexidade requerida pelo caso, nos limites dos recursos disponíveis numa dada região. Já a formação de redes representa a criação de instituições, políticas e práticas entre níveis de governo, de forma a reforçar os laços entre os entes, sem prejuízo do pluralismo e da autonomia.

Para evitar maiores delongas, é preciso apostar no (re)vigoramento da consciência regional no país como um dos aspectos favoráveis à manutenção e ampliação da cooperação intermunicipal e da formação de redes. Há que se precaver das sucessivas crises de governabilidade derivadas das relações competitivas e predatórias entre níveis de governo vigentes por aqui, que nada mais fazem do que evidenciar o paradoxo de que a política descentralizadora precisa se apoiar em forte indução estratégica central, ao mesmo tempo operando por intermédio de estratégias constrangedoras aos demais níveis de governo, impedindo assim que se abram novos espaços de negociação e de pactuação, novos ordenamentos e novos atores no cenário.

É o caso de se construir, de fato e de direito, um novo pacto federativo no país, com reflexos desejáveis na área da saúde. A municipalização tout-cort não é, definitivamente, o caminho mais adequado, pois este deveria passar pela combinação de estruturas regionais fortes e juridicamente viáveis, além da formulação e operação da política de saúde com foco em uma estrutura de redes, não mais de unidades federativas autárquicas e isoladas.

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Leia mais:

Constituição de 1988: O Brasil 20 Anos Depois. Os Cidadãos na Carta Cidadã (senado.leg.br)

Saúde nas cidades: SUS, mais SUS!


https://saudenodf.com.br/2024/08/28/o-que-tem-a-ver-isso-tudo-com-a-saude-no-df/
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Câncer no Brasil

Em maio último, tive a honra de ser convidado pelo Conass (Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Saúde) para ser relator de um encontro que reuniu especialistas e gestores na área de câncer em busca de contribuições sobre os cuidados aos pacientes com câncer de diversas localizações e naturezas, bem como sobre os desafios que o Sistema Único de Saúde (SUS) enfrenta em tal campo, buscando clarear inovações tecnológicas que realmente contribuam para os cuidados oncológicos… [saiba mais acessando o link seguinte]: Câncer no Brasil – A SAÚDE NO DISTRITO FEDERAL TEM JEITO! (saudenodf.com.br)

*Professor de Mewdicia e sobrinho do poeta Carlos Drummont de Andrade

Sonhos de Janja!

Marília Alves Cunha – Educadora e escritora – Uberlândia – MG

A história todo mundo já conhece, mas vale a pena repetir. Há coisas tão pitorescas que valem a pena…Lula e Janja foram ao México assistir à posse da presidente daquele país e, como sempre, tomou assento no aerolula uma quantidade abusiva de pessoas. O Presidente gosta de carregar seu séquito, principalmente quando vai ao exterior. Mostra de grandeza(inútil)e oportunidade de proporcionar passeio de graça aos amigos e aderentes. O Rei da Inglaterra viaja acompanhado de poucas pessoas. Muito discretamente. Bem, não vou fazer comparações estapafúrdias…Dizem que as viagens do presidente e da 1ª. Dama já custaram aos cofres públicos quase 1 bi. Tudo isto à custa de nossos pobres bolsos.

Bem, desta vez a viagem de volta teve alguma complicação. Na saída do México a aeronave deu uma “pane” no motor e o recurso foi ficar dando voltas no ar, para esvaziar os tanques de gasolina e evitar maiores problemas. Outros dizem que entrou urubu na turbina… Vai saber, né? O avião ficou 5 horas sobrevoando em círculos os ares do México, em intermináveis voltas até que pudesse aterrissar. Nada entendo de aviação mas deduzo, usando a lógica, que o problema não era tão grave, não havia risco iminente de uma queda. Um avião que fica no ar por 5 horas, depois de uma pane, está em ótimo estado de conservação e terá utilidade para muito tempo ainda…

O acontecimento foi o gatilho para Lula e sua amada Janja
voltarem ao assunto, numa crise de histerismo, relativa a
sua segurança e a necessidade premente de um novo avião.
Sonho acalentado desde 2023, quando teve inicio um governo
especializado em viajar inutilmente e esbanjar, como se o mundo ou um reinado fossem acabar amanhã.

Detalhes importantes devem ser aprovados pela dupla que
governa o Brasil, na compra do aerojanja. Vejamos ! Não
estou inventando, já foi falado há tempos atrás:conforto

Muito conforto para todos os passageiros e a possibilidade de carregar muito mais gente, da imensa corte. Importantíssimo: suíte luxuosa para o casal, com uma larga cama. Afinal, o avião é quase como sua casa, pelo tanto de viagens que realizam. Um escritório bem equipado para dona Janja fazer sus lives interessantíssimas e botar a correspondência em dia. Acredito que a luxuosa aeronave servirá também à eminentes ministros e políticos (sejam de quais poder forem). Tudo às custas dos nossos sacrificados bolsos. O avião, idealizado para servir ao presidente, à 1ª. Dama e à Corte deverá custar, pelos cálculos feitos até agora, 80.000.000 de dólares. É dinheiro público para ninguém botar defeito. Em tempo: há pessoas que se esquecem do que significa a palavra “público”. Bom lembrar: relativo ao povo, pertencente ao povo, destinado ao povo.

A primeira dama esteve ultimamente nos EEUU e Catar para participar de encontros onde se discutia a fome, a pobreza, a (falta de) educação, a desigualdade. Em países com graves problemas e motivos para seminários e encontros com autoridades de todo o mundo, não há de que se falar em aprofundar as crises com gastos extraordinários que somente servirão a egos inflados, vaidade e egocentrismo que já ultrapassaram todos os limites. Quem já tinha “abrido” uma trilha para melhorar a qualidade de vida do povo, deve ter entendido que o estado deve servir aos “cidadões” e “cidadoas” ( para não dizer que desvalorizo a linguagem neutra, como será a palavra nesta nova forma de dizer?). E não os mesmos servirem ao estado. Que linguagem estranha!

Lula, numa live com o candidato a prefeito de SP Boulos, disse que esperou um milagre de Deus pra que o avião não caísse no México. Pensou em nós, pensou em todo mundo, no povo de SP, nas pessoas humildes que ele tem de ajudar(sic)e na vida dele… quem quiser que acredite!