Autor: Rafael Moia Filho – Escritor, Acadêmico da ABLetras, Blogger, Analista Político e Graduado em Gestão Pública
cometido diversos erros nas últimas eleições gerais, quando podem eleger seus representantes nas assembleias, câmara federal e o senado. O primeiro problema são as abstenções acima de 40%, permitindo que um quociente baixo eleja maus deputados. O segundo problema são os elevados votos brancos e nulos que, em 2022, no primeiro turno chegaram ao total de 5.452.653 votos. Por fim, e mais grave ainda, é o fato de que os eleitores elegem seguidamente aqueles políticos que nutrem por eles (eleitores) o máximo desprezo.
Os políticos eleitores de centro, direita e extrema-direita ao longo do mandato de quatro anos não votam a favor de leis e processo que venham a beneficiar o povo. Eles estão posicionados 100% das ocasiões em plenário do lado contrário da sociedade, sempre próximos dos empresários, dos milionários e dos seus financiadores de campanhas.
Em todas as discussões eles priorizam a ideologia rasteira que não enche pratos e nem ajuda a população. Sendo assim, todo e qualquer benefício concedido pelo governo aos mais pobres, como a proposta da isenção do IRPF para quem recebe até R$ 5 mil por mês, não terá apoio dessa corja.
Em contrapartida estão ao lado da PEC do estupro, da PEC das praias, e de todas as demais Propostas de Emendas a Constituição que venham a favorecer os ricos, os empresários e os políticos.
Sendo assim, os eleitores mal informados, despreparados e com total ignorância dos fatos são responsáveis por eleger quem irá trabalhar contra eles nos quatro anos seguintes.
São culpados por não se informarem, por acreditarem em fake news, em mensagens disparadas em aplicativos de mensagens e redes sociais, muitas vezes patrocinadas pelos partidos de direita. Por serem omissos e por não lerem, não se atualizarem e, o pior de tudo, não fiscalizarem ou cobrarem os eleitos.
A maioria dos vereadores, deputados estaduais e federais eleitos por nossos intrépidos eleitores desinformados não fazem nada por quatro anos, muitos enriquecem seus patrimônios e ainda voltam para se reeleger na eleição seguinte. Não possuem legado, não legislam, ficam dando nomes de ruas, moções de aplausos, viajando pelo país e o mundo às nossas custas.
Os eleitores se dividem em duas partes: os omissos que giram em torno de 45% (Abstenções, nulos e brancos), reclamam quatro anos dos políticos, porém, não possuem capacidade de votar, relegando aos demais 55% este “privilégio”. A outra parte dos 55% votam em candidatos conservadores, na turma dos títulos (Pastor, Padre, Delegado, Ex-PM, Major, Coronel, etc.). Restam neste horizonte poucos que exercem seus votos, acompanham, fiscalizam e cobram os eleitos.
Autor: Rafael Moia Filho – Escritor, Acadêmico da ABLetras, Blogger, Analista Político e Graduado em Gestão Pública.
Os eleitores brasileiros têm cometido diversos erros nas últimas eleições gerais, quando podem eleger seus representantes nas assembleias, câmara federal e o senado. O primeiro problema são as abstenções acima de 40%, permitindo que um quociente baixo eleja maus deputados. O segundo problema são os elevados votos brancos e nulos que, em 2022, no primeiro turno chegaram ao total de 5.452.653 votos. Por fim, e mais grave ainda, é o fato de que os eleitores elegem seguidamente aqueles políticos que nutrem por eles (eleitores) o máximo desprezo.
Os políticos eleitores de centro, direita e extrema-direita ao longo do mandato de quatro anos não votam a favor de leis e processo que venham a beneficiar o povo. Eles estão posicionados 100% das ocasiões em plenário do lado contrário da sociedade, sempre próximos dos empresários, dos milionários e dos seus financiadores de campanhas.
Em todas as discussões eles priorizam a ideologia rasteira que não enche pratos e nem ajuda a população. Sendo assim, todo e qualquer benefício concedido pelo governo aos mais pobres, como a proposta da isenção do IRPF para quem recebe até R$ 5 mil por mês, não terá apoio dessa corja.
Em contrapartida estão ao lado da PEC do estupro, da PEC das praias, e de todas as demais Propostas de Emendas a Constituição que venham a favorecer os ricos, os empresários e os políticos.
Sendo assim, os eleitores mal informados, despreparados e com total ignorância dos fatos são responsáveis por eleger quem irá trabalhar contra eles nos quatro anos seguintes.
São culpados por não se informarem, por acreditarem em fake news, em mensagens disparadas em aplicativos de mensagens e redes sociais, muitas vezes patrocinadas pelos partidos de direita. Por serem omissos e por não lerem, não se atualizarem e, o pior de tudo, não fiscalizarem ou cobrarem os eleitos.
A maioria dos vereadores, deputados estaduais e federais eleitos por nossos intrépidos eleitores desinformados não fazem nada por quatro anos, muitos enriquecem seus patrimônios e ainda voltam para se reeleger na eleição seguinte. Não possuem legado, não legislam, ficam dando nomes de ruas, moções de aplausos, viajando pelo país e o mundo às nossas custas.
Os eleitores se dividem em duas partes: os omissos que giram em torno de 45% (Abstenções, nulos e brancos), reclamam quatro anos dos políticos, porém, não possuem capacidade de votar, relegando aos demais 55% este “privilégio”. A outra parte dos 55% votam em candidatos conservadores, na turma dos títulos (Pastor, Padre, Delegado, Ex-PM, Major, Coronel, etc.). Restam neste horizonte poucos que exercem seus votos, acompanham, fiscalizam e cobram os eleitos.
Será que todos os possíveis futuros candidatos à presidente da República do Brasil em 2026, terão algum problema com Tribunais Eleitorais e serão impedidos de se candidatar? Estranho né!
Dr. Flavio de Andrade Goulart –
*Flávio de Andrade Goulart é médico, professor de Medicina na UFU e na UNB, secretário de Saúde em Uberlândia e sobrinho do poeta Carlos Drummond de Andrade
Se você, caro leitor, achou que há algum exagero na relação sugerida pelo título acima, não vou lhe negar a razão, mas posso explicá-la melhor. Quando falo “trumpismo” estou indicando a onda de direita que se levanta em todo o mundo, vitaminada agora pelo agente laranja que ganhou as eleições nos EUA. Já a expressão “saúde no Brasil” pode ser trocada por “políticas sociais”, sejam de interesse dos países em desenvolvimento, como o nosso, ou também, por que não, dos países centrais. Esclarecido? Mas não há dúvida que repercussões imediatas de tal fenômeno já há tempos se revelam, como já vimos no período de testes realizado no país de origem do fenômeno, entre 2016 e 2020. E também aqui, sob a égide de seu tosco imitador tropical e do vampiro que o antecedeu. Assim, já havia indicações de que os mais pobres não seriam contemplados; que imigrantes seriam desprezados e banidos; que mulheres, índios, negros e minorias em geral estariam fora do escopo das políticas; que direitos adquiridos em saúde e outras áreas seriam atirados no lixo. E principalmente que os novos poderosos buscariam atuar sem freios, dentro de uma lógica de que “nós errados estamos mais certos do ‘eles’ certos” – e por aí vai. Entre o espanto e a revolta, contudo, é preciso tentar entender tais acontecimentos, mesmo que não seja possível extrair deles alguma solução, mas pelo menos para não naufragar no cinismo ou na descrença na política ou na humanidade. O fato é que muita coisa mudou no mundo, fazendo com que alguns de nossos velhos dogmas precisem ser revistos ou reciclados, à custa, naturalmente, de sangue, suor e lágrimas. Explico melhor…
Para começar (ou acabar…) vamos combinar: a verdade é que o mundo já não é mais o mesmo, nem a política, nem as aspirações das pessoas. Como diria Bob Dylan: times are changing… As utopias de até outro dia, por exemplo: salários pagos mensalmente, emprego fixo, FGTS, horário de almoço, garantias da CLT, férias remuneradas, horário de almoço, aposentadoria, licença gestação etc.: onde foram parar? É tempo de murici, ou melhor, de uberização e empreendedorismo, cada um que cuide de si… É por aí que rolam, ladeira abaixo, os antigos sistemas públicos e universais de saúde e de bem estar social, diante de certas tendências de reformas que grassam pelo mundo a fora, sob a nova realidade da financeirização, na qual se radicalizam movimentos de mercado, afastando a participação do Estado (que a isso acolhe de muito bom-gosto). E tome privatizações, terceirizações e negação de direitos. Tudo isso, como diz meu amigo Jairnilson Paim, dentro de um quadro de forte promiscuidade público-privada e desfinanciamento público, fazendo verdadeiro par siamês com a financeirização. E tem mais a precarização dos empregos e dos trabalhadores (a tal da “uberização”), dentro de um novo modelo de trabalho, flexível e alheio a vínculos empregatícios formais, no qual a força de trabalho perde relevância e se submete sem peias aos interesses do capital financeirizado.
É por tais atalhos que transitam certas figuras um tanto patéticas (para dizer pouco…) que emergem dessa realidade quase distópica: o pobre de direita, o empregado que se acha patrão, o jovem reacionário e conservador, o imigrante que vota na extrema direita xenófoba, o crente que sacrifica seu orçamento doméstico para pagar o dízimo.
***
Para não dizer que não falei do SUS… Seu surgimento a aguerrida militância do mesmo atribui a um grande movimento social”. Mas discordo…
Acredito que a formação do SUS é muito menos do que a ação coordenada e intencional de quaisquer “movimentos sociais” mais amplos, a não ser que chamemos de “movimento social” a uma articulação de intelectuais e membros da burocracia pública, que começou a se adensar entre os anos sessenta e setenta, com localização geográfica preferencial nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro. Realmente penso que é difícil ampliar o escopo do possível alcance e influência de tais atores, ao ponto de credenciá-los, por si só, como um autêntico “movimento social”. Mesmo se o fossem, é preciso deixar claro que outros segmentos sociais, igualmente ou mais importantes do que este ilustre punhado de acadêmicos e burocratas, não estavam de fato engajados, pelo menos formalmente, na luta pela reforma do sistema de saúde, nos anos pré-Constituição.
É claro que naqueles anos havia revoltas importantes em relação ao mau funcionamento dos serviços de saúde, ainda mais em uma época em que perduravam irremediável divisão e apartheid entre os que portavam a “carteirinha” do Inamps e os que eram obrigados a disputar atendimento no sistema público direto ou filantrópico. O que conhecemos hoje como “plano de saúde” ainda era total novidade na ocasião. Mesmo assim, no meu entendimento, não havia de fato uma pauta clara para a questão da saúde, pelo menos fora do circuito intelectual e burocrático referido acima.
E assim o SUS veio ao mundo, sonhado generosamente por um punhado de iluminados… O problema é que este SUS sonhado desaguou no SUS real, que apesar de suas não escassas qualidades, não é o bastante para todos, em termos de quantidade e principalmente da qualidade do que é caapz de oferecer.
Que tal, então, analisar outro projeto: o do SUS possível, face à conjuntura atual e de futuro não muito imediato, em honra daqueles cidadãos que já não suportam mais a amarga realidade que lhes é impingida cotidianamente nos hospitais, nos pronto-socorros e nas unidades públicas de maneira geral, quase sempre longe daquelas supostas ilhas de excelência que nunca são alcançadas?
Mas antes vamos combinar: que isso ocorra sem que se perca a compostura, o que nos remete a determinados princípios. O primeiro deles é dar um solene adeus às ilusões! E entre estas, enumero: (1) a crença de que seria possível dar tudo para todos; (2) a de que todo poder deve ser atribuído aos municípios em matéria de saúde; (3) a do enganoso controle social, que se realiza mais sobre a sociedade do que a partir dela; (4) a certeza de que existiria profunda maldade na ação do setor privado e que sua incompatibilidade com o sistema público é total e inerente a ele; (5) a defesa de que dinheiro é feito de látex e que, assim, os orçamentos públicos são sempre uma questão de decisão política que escapa à lógica aritmética e, finalmente, (6) que é sempre necessário cumprir a lei, embora isso não seja sempre o bastante, sendo mais importante muitas vezes anulá-la e recriá-la, longe de se apegar a tecnicalidades e bijuterias jurídicas.
Vamos agora ao que realmente importa: que o foco real de tal SUS possível e desejável seja realmente colocado sobre os mais pobres, não necessariamente apenas sobre os miseráveis, como acontece no Programa Bolsa Família. Na saúde, com efeito, o espectro tem que ser mais amplo.
Mas tem que ousar… E se não encararmos de fato alguma ousadia corremos o risco de continuar falando no deserto, para uma multidão mal servida que acorre fácil e ingenuamente a promessas mirabolantes uber-financeirizadas ou vai continuar sofrendo e até morrendo nas filas e nos corredores de hospitais, ou esperando até dois ou três anos para uma simples cirurgia de varizes ou hérnia.
A moral dessa história é a seguinte: um sistema de saúde como o SUS talvez fosse mais difícil de destruir se estivesse “ancorado” com mais robustez no coração e na mente das pessoas. Isso não impediria os atentados que a financeirização e a erosão de direitos contemporânea cometem a cada dia, mas certamente levaria a maior resistência da sociedade a tal destruição, coisa que infelizmente não se vê por aqui.
Enquanto isso, os trumponaros se locupletam em cima de suas certezas mentirosas…
Boas festas…
***
Atenção: AbraSUS Episódio #12 – Retrospectiva e Agendas de Futuro para o Controle Social do SUS
Neste novo episódio do AbraSUS 2024, o podcast faz uma retrospectiva com avanços e principais construções do controle social do SUS ao longo deste ano.
O programa recebe Fernando Pigatto, presidente do Conselho Nacional de Saúde e os conselheiros nacionais de saúde Neilton Araújo e Fernanda Magano, para um diálogo sobre os desafios para a participação democrática no SUS nos próximos períodos.
📻 O episódio é dividido em dois blocos, este focado na retrospectiva e o próximo, a ser lançado em dezembro, com foco nas agendas de futuro.
Acompanhe pelo YouTube ou pelo Spotfy do CNS
CNS
***
O que é o SUS?
Preciso falar aqui de um livro com igual título, lançado pela Fiocruz em 2009 de autoria do de meu amigo Jairnilson Paim, professor do Instituto de Saúde Coletiva da UFBA, que esclarece ao público não especializado sobre o que é o nosso sistema de saúde. É uma leitura fundamental para se conhecer de fato o SUS, sua história, seus problemas e desafios. Os 15 anos que o livro completa agora não invalidam sua importância, por revelar questões estruturais que continuam a desafiar a proposta de construção daquele sistema de saúde sonhado na Reforma Sanitária Brasileira. Leia mais: O que é o SUS? – 22/05/2023 – Saúde em Público – Folha
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Alguns acontecimentos tomaram conta das redes sociais nos últimos tempos, causando forte comoção e intensas manifestações do povo brasileiro. Milhões de likes, comentários e compartilhamentos expressaram opiniões apaixonadas.
O documentário sobre o nosso herói Ayrton Senna foi um deles. Quem não gostava daquela figura que enchia nossos corações todos os domingos, do doce sabor da vitória? Inconformados com um fato da sua vida, os internautas manifestaram-se: por que dedicaram 2 minutos do filme ao romance dele com Adriane Galisteu, aquela que ele amou e escolheu como parceira de seus últimos dias de vida, enquanto montaram um episódio inteiro intitulado “Paixão, um romance insosso que, parece, nem iniciou-se devidamente com a famosa Xuxa. Outro caso que despertou atenção e todo mundo quis mostrar seu lado, num reboliço intenso, foi o do menino birrento que queria sentar-se à janela do avião e a moça “sem empatia” que queria continuar sentada à janela do avião e a mãe do birrento que achou que o menino podia tudo, como um projetinho de ditador.
A cascata da Janja na Granja do Torto recebeu alguma atenção, o janjômetro também. Parece que o festival de gastança foi maior do que pensávamos. Fico ensimesmada: Putz, gastar tanto dinheiro construindo cascatas que não são naturais nem bonitas nos dias de hoje, parece tão cafona. Isto é coisa do tempo do Collor e de sua excêntrica mania de construir coisas na Casa da Dinda. Bem, o Collor enfeitou de máu gosto o que era dele, e não o que é patrimônio público. Problema dele. A Granja do Torto e os gastos públicos são problema nosso.
A reinauguração da Catedral de Notre-Dame, magnífica edificação da Cidade Luz mereceu alguma atenção, não muita. Tudo chiquérrimo, digno do velho mundo, ainda notório pela civilização e onde persistem tradições milenares. Grandes personalidades do mundo inteiro foram convidadas e lá estavam: o presidente eleito do EEUU, Donald Trump, o príncipe William, futuro rei da Inglaterra, um primor de elegância e nobreza, enfim, personalidades do mundo inteiro, convidadas de Macron para o imponente e solene acontecimento. Elon Musk também compareceu, muito assediado por fotógrafos e jornalistas, grande figura do mundo moderno onde importam o empreendedorismo e o tecnológico. Ele não foi para onde a “first lady” o mandou… estava lá, entre os grandes, na bela cerimônia.
Acredito que as autoridades de nosso país não necessitem preocupar-se tanto com as redes sociais. Ainda estão muito rasas, infelizmente, sem profundos conteúdos políticos ou culturais. E são apenas uma maneira das pessoas se comunicarem e comunicarem ao mundo um pouco de si mesmas, do que pensam, do que anseiam, de como veem o mundo. E saber mais um pouco do que acontece neste país: a imprensa tradicional, escrita ou televisionada dedica-se hoje a um jornalismo domesticado, tendente a não expor todos os lados da verdade. Imaginem se estivéssemos vendo apenas um canal de TV. Continuaríamos acreditando em pessoas que teimam em defender um governo desastroso, que no meio do caminho já anda contabilizando perdas e danos.
Pouco vi nas redes sociais opiniões sobre fatos seríssimos como o ocorrido no aeroporto de Roma, que acabou quase se transformando em um negócio de estado ou um atentado á democracia. Lamentável! Terminou com uma retratação por parte da família. Lamentável! Quase não vi nas redes sociais assunto sobre a regulação das mesmas pretendida pelo STF. Nem sobre imunidade parlamentar, assunto grave e importante, essencial à existência da democracia. Um Congresso calado ou subordinado às ordens de outrem, sem existência própria e independente é dispensável. A opinião de alguns ministros sobre o assunto fez-me acreditar, mais do que nunca, que a finalidade precípua desta regulação é monitorar o que a gente diz, é restringir nossa liberdade de expressão. Onde estão os brasileiros para se manifestarem com mais ênfase e mais paixão sobre assuntos tão importantes? Onde o nosso amor por este Brasil, onde o interesse de seus filhos que se esquecem de lutar quando o assunto é a sua própria liberdade e a sua própria capacidade de dirigir seus atos e responsabilizar-se por eles?
A função clássica de uma Suprema Corte é resolver disputas em última instância e interpretar a CF, não mudar a letra da lei através de regramentos e de acordo com interesses pontuais. O ministro Toffoli pensa, inclusive, em criar um departamento para trabalhar no combate à desinformação. Putz! Isto remonta a 1984… Bem antigamente era costume este pensamento: “Traga-me os fatos que eu te digo o direito”. Isto não pode ser trocado por: ”Use a criatividade, ô meu!”
A atividade principal do parlamentar, fulcro de sua existência é legislar. Se outro poder tomar-lhe este papel, onde estará a democracia? Fechem as portas do Congresso Nacional e o último a sair, por favor, apague as luzes. Estamos gastando demais, inutilmente!
“O consenso sobre a guerra está se desgastando rapidamente.”
(Reuven Hazan, cientista político da Universidade Hebraica, de Jerusalém)
O radicalismo extremado de Benjamin Netanyahu, Primeiro Ministro do Estado de Israel, conseguiu a impensável façanha de provocar manifestação crítica uníssona de incondicionais aliados à sua maneira arrogante de conduzir a crise política e militar no Oriente Médio.
Antes, ele já se recusava, obstinadamente, a acolher os apelos, provindos de todas as partes, por um cessar fogo humanitário. Fez questão fechada de ignorar os clamores de organismos internacionais como ONU, OMS, Cruz Vermelha, Médicos sem Fronteiras, sobre os rumos apavorantes que o conflito estava assumindo. Conflito esse desencadeado por atentado no território israelita cometido pela organização terrorista Hamas, objeto de condenação generalizada pela comunidade das nações. A justificável contraofensiva foi fulminante, sem toda via, alcançar até aqui os resultados almejados entre os quais avulta prioritariamente a libertação na totalidade dos indefesos reféns. Acontece que as ações bélicas alvejaram impiedosamente os habitantes do densamente povoado território de Gaza. Uma gente bastante maltratada por dramáticas contingências de vida, e que na maioria nenhuma participação teve na nefanda sortida terrorista.
Dificuldades intransponíveis vêm se antepondo ao desejo alargado da ONU e centenas de países em se estabelecer uma trégua nessa guerra cruel, de modo a que o sofrimento das pessoas não diretamente envolvidas na, sanguinolenta refrega, seja atenuado. As vítimas fatais, crianças na maioria, já ultrapassaram a casa dos 20 mil, o numero de feridos alcança cifras alarmantes. Milhões de pessoas sem teto, sem lugar seguro pra ficar, carecem desesperadamente de assistência médica e de meios mínimos de subsistência, as pressões internacionais, reforçadas agora por parcelas significativas da própria comunidade israelita, esbarram na inflexibilidade do Primeiro Ministro, que insiste na tese de não deter a marcha bélica até que todos os terroristas sejam eliminados. É o radicalismo enfrentando o radicalismo.
Em seu posicionamento, que preocupa visivelmente as nações amigas, Netanyahu já chegou ao extremo exagero de afirmar que seu país não aceita, definitivamente, a criação do Estado da Palestina, previsto em resolução da ONU aprovado no distante ano de 1948. Seja mencionada, como outra demonstração radical, uma declaração enfática atribuída a um integrante do Ministério israelita, de que não existem inocentes em Gaza e que a melhor maneira de se resolver a questão é lançar uma bomba atômica no território. Para alguns observadores, a declaração foi interpretada como revelação de que Israel, como se suspeita, possua armamento nuclear em seu arsenal.
Muito dolorosa essa conjuntura vivida numa região tão rica em simbologia humana e espiritual. Uma região reconhecida como sendo o espaço territorial mais sagrado do planeta por três influentes correntes ideológicas que representam parte colossal do sentimento religioso da humanidade.
Prestes a completar 4 meses, esta guerra sem quartel ensanguenta e tenciona o Oriente Médio e enche de comoção o planeta inteiro. Não há como vislumbrar no horizonte, em tempo próximo, – desairosamente para a nossa evolução civilizatória – perspectiva de uma paz, se quer temporária, que permita conversações e procedimentos humanitários e que assegure socorro mínimo às multidões desamparadas de Gaza, incluídos aí os cidadãos capturados pelos comandos terroristas.
Que Deus ilumine as mentes e corações das lideranças mundiais e dos “senhores da guerra” no sentido de que se desvencilhem das trevas do ódio sectário e mergulhem resolutos, em claridade que favoreça a construção do diálogo e, adiante, de uma paz duradoura.